Cemitério dos homens vivos: brutalidade na megaprisão de Bukele e os direitos humanos em crise

O Cemitério dos homens vivos tornou-se o nome dado pelos migrantes venezuelanos ao Centro de Confinamento do Terrorismo (Cecot), em El Salvador. Desde que o presidente Nayib Bukele inaugurou a instalação em 2023, a prisão tem sido alvo de denúncias de violência, maus-tratos e violações de direitos humanos.

O início da tortura

Ao chegar ao Cecot, os oito deportados foram forçados a despojar-se de suas roupas e a se ajoelhar diante de guardas que rasparam suas cabeças. Em seguida, receberam calças, suéteres e sandálias de cor uniforme. No bloco 8, onde ficaram por quase quatro meses, o tratamento piorou rapidamente.

Abusos físicos e psicológicos

  • Os detentos foram batidos com tábuas e pederros, recebendo golpes nas costelas e nas costas.
  • Gravações revelam que guardas forçaram os presos a se levarem para a solitária, a chamada “ilha”, onde eram submetidos a espancamentos, golpes de cassetete e a imposição de silêncio absoluto.
  • Além disso, relatos apontam agressões sexuais contra presos LGBTQ+, evidenciando discriminação e abuso sistemático.

Em consequência, os deportados criaram uma Cemitério dos homens vivos simbólica, onde a vida parecia estar em risco constante. A falta de comunicação com familiares e advogados agravou o clima de desespero.

O contexto político e legal

O governo dos Estados Unidos, no comando de Donald Trump, utilizou a Lei dos Inimigos Estrangeiros de 1798 para deportar os migrantes sem decisões judiciais. No entanto, em 15 de março, um juiz suspendeu as transferências, alegando que a lei não se aplicava ao caso.

Em resposta, a Casa Branca justificou as deportações como uma medida de segurança, afirmando que os migrantes eram suspeitos de pertencimento ao Trem de Aragua. Contudo, a maioria delas não possuía antecedentes criminais e os processos foram arquivados.

Reação internacional e o futuro dos presos

A Cruz Vermelha e outras organizações de direitos humanos realizaram visitas ao Cecot, mas os relatos indicam que os benefícios eram temporários e que a violência continuava. Os oito deportados, agora de volta à Venezuela, planejam produzir um documentário para exibir a realidade da prisão e buscar apoio internacional.

Em conclusão, o Cemitério dos homens vivos não apenas descreve um local de sofrimento, mas também simboliza a necessidade urgente de revisão das políticas de deportação e de proteção dos direitos humanos em El Salvador e nos Estados Unidos.