O escândalo Milei está abalando profundamente o governo argentino. Desde a semana passada, a alta cúpula do país enfrenta uma crise política provocada por áudios vazados, acusações de corrupção e rachas internos, que atingiram diretamente o presidente Javier Milei.
O que desencadeou o escândalo?
O escândalo Milei teve início na quarta-feira (20), com o vazamento de um áudio gravado por Diego Spagnuolo, ex-chefe da Agência Nacional para a Deficiência (Andis). No registro, Spagnuolo acusa Karina Milei, irmã do presidente e secretária-geral da Presidência, de envolvimento em um esquema de corrupção. A situação foi reaquecida na quarta-feira (27), com a divulgação de novos áudios que detalham o suposto esquema de propina.
As principais acusações
De acordo com as denúncias, Karina Milei e Eduardo “Lule” Menem, subsecretário de gestão institucional, teriam exigido propinas de até 8% do faturamento de empresas farmacêuticas para garantir contratos com o governo. Os lucros mensais desse esquema poderiam chegar a cerca de US$ 800 mil (R$ 4,3 milhões).
- Karina receberia entre 3% e 4% do valor arrecadado.
- Os empresários Emmanuel e Jonathan Kovalivker, da Suizo Argentina, estariam envolvidos como intermediários.
- Jonathan está foragido, e Emmanuel foi encontrado com US$ 266 mil em espécie.
Reação do governo argentino
Javier Milei, que se manteve em silêncio nos primeiros dias, finalmente se posicionou. Em entrevista ao canal C5N, o presidente chamou as acusações de “mentirosas” e afirmou que tomará medidas legais contra Spagnuolo. Além disso, ele demonstrou apoio público à irmã ao aparecer sorridente ao seu lado em sua primeira aparição após o escândalo.
Portanto, o governo anuncia uma auditoria na Andis e afirma que o caso é uma “monumental operação política”. Guillermo Francos, chefe de gabinete, chegou a sugerir que o presidente está tranquilo diante das acusações.
A situação nas investigações
A Justiça argentina já iniciou investigações formais e realizou 16 operações de busca e apreensão na sexta-feira (22). Entre os itens apreendidos estão celulares, máquinas de contar dinheiro e US$ 266 mil em espécie. Spagnuolo é um dos cinco réus no processo, que investiga corrupção, administração fraudulenta e violações à ética pública.
Além disso, o juiz federal Sebastián Casanello determinou que os investigados não possam deixar o país como medida cautelar. A veracidade dos áudios ainda será confirmada por perícias técnicas, mas eles já são considerados provas-chave no caso.
Impacto nas eleições e na popularidade de Milei
O escândalo Milei não poderia ter vindo em pior hora. O presidente argentino enfrenta uma queda acentuada em seus índices de aprovação, que já vinham em declínio. Aproximadamente duas semanas antes das eleições em Buenos Aires e dois meses das legislativas, o caso pode prejudicar aliados de Milei e fortalecer a oposição.
Além disso, o Parlamento argentino estuda a abertura de uma CPI para investigar as denúncias. Caso Karina Milei seja condenada, o governo perderá uma figura central em sua estrutura de poder e enfraquecerá o discurso anticorrupção que levou Milei à Presidência.
Conclusão
Portanto, o escândalo Milei representa um risco sério à estabilidade do governo e à imagem do presidente argentino. A forma como o caso se desenvolverá será decisiva para o futuro político do país — especialmente nas eleições iminentes. A população argentina, por sua vez, aguarda que a justiça esclareça todas as acusações com transparência e imparcialidade.