Robert Kennedy Jr. e o enfraquecimento da saúde pública nos EUA: o avanço do movimento antivacina

Robert Kennedy Jr. tem promovido mudanças no CDC que enfraquecem a saúde pública nos EUA, com demissões de especialistas e avanço de políticas antivacina.

O secretário de Saúde dos Estados Unidos, Robert Kennedy Jr., tem promovido mudanças profundas no sistema de saúde do país, especialmente no que diz respeito às políticas de vacinação. Com uma postura claramente alinhada ao movimento antivacina, Kennedy tem tomado decisões que geram preocupação entre especialistas e autoridades de saúde pública.

A demissão de Susan Monarez e o enfraquecimento do CDC

A mais recente e emblemática ação de Robert Kennedy Jr. foi a demissão da diretora dos Centros de Controle e Prevenção de Doenças (CDC), Susan Monarez. Nomeada há apenas um mês, Monarez foi afastada por se recusar a seguir ordens consideradas “anticientíficas” e a demitir especialistas de saúde. Além disso, ela teria se oposto a diretrizes que favoreciam interesses políticos em vez da ciência.



Portanto, a Casa Branca justificou a exoneração como parte de um esforço para “tornar o país saudável novamente”, segundo discurso do presidente Donald Trump. No entanto, críticos apontam que essa mudança representa mais um passo no enfraquecimento da saúde pública norte-americana.

Repercussões internas e externas

A demissão de Monarez não ocorreu isoladamente. Ao menos outros quatro altos funcionários do CDC também foram afastados. Esses desligamentos reforçam o temor de que o governo esteja desmantelando o aparato de vacinação do país, uma das principais responsabilidades da agência federal.

  • Demissão da diretora em menos de dois meses no cargo
  • Substituição de membros técnicos por figuras alinhadas politicamente
  • Redirecionamento de políticas de imunização

Além disso, em junho, Robert Kennedy Jr. demitiu 17 membros do Comitê Consultivo sobre Práticas de Imunização e os substituiu por apenas oito, incluindo indivíduos céticos em relação às vacinas. No início deste mês, ele também interrompeu 22 projetos de pesquisa com tecnologia de mRNA — usada em vacinas contra a Covid-19 — que totalizavam investimentos de US$ 500 milhões.



O histórico controverso de Robert Kennedy Jr.

Sobrinho do ex-presidente John F. Kennedy, Robert Kennedy Jr. já foi uma voz ativa na disseminação de teorias antivacina, inclusive vinculando, de forma infundada, vacinas ao autismo. Essas alegações foram amplamente rejeitadas pela comunidade científica e desaprovadas até mesmo por membros de sua própria família.

Apesar de ter tentado suavizar seu discurso ao assumir o cargo, Kennedy tem demonstrado claramente sua intenção de reforçar suas convicções antigas. Em um evento ao lado do presidente Trump, ele afirmou que “certas intervenções estão claramente causando autismo”, antecipando resultados de um estudo ainda não publicado.

Novo comando do CDC e o risco à credibilidade científica

Com a saída de Susan Monarez, o cargo de diretora do CDC será ocupado por Jim O’Neill, vice-secretário de Saúde. Sem formação científica relevante, O’Neill foi um crítico ferrenho da agência durante a pandemia de Covid-19, defendendo o uso de ivermectina e hidroxicloroquina e se posicionando contra a obrigatoriedade da vacinação.

Embora tanto Kennedy quanto O’Neill tenham se declarado defensores de vacinas durante suas audiências no Senado, suas ações no cargo têm revelado uma postura claramente divergente. Em outras palavras, a prática tem mostrado que suas promessas eram, na verdade, ilusórias.

Impacto sobre a saúde pública e o futuro das vacinas nos EUA

O enfraquecimento da autoridade do CDC e a ascensão de figuras contrárias à ciência colocam em risco a saúde pública dos Estados Unidos. Sem um órgão federal independente e técnico responsável por orientar a população sobre vacinas, o país pode enfrentar retrocessos em políticas de prevenção de doenças.

Portanto, especialistas alertam para o aumento do risco de surtos de doenças preveníveis por vacinação. A polarização política em torno do tema pode agravar ainda mais o cenário, especialmente em um momento de eleições e crescente desconfiança em instituições governamentais.

Em conclusão, Robert Kennedy Jr. tem consolidado seu papel como um dos principais articuladores do movimento antivacina dentro do governo americano. Sua influência sobre o CDC e as políticas de saúde pública dos EUA sinaliza uma mudança preocupante no rumo da ciência e da saúde coletiva no país.