A intervenção militar dos EUA na Venezuela tem gerado grande repercussão internacional. O governo de Donald Trump enviou navios de guerra, um submarino nuclear e aviões espiões para o sul do Caribe, próximo à costa venezuelana. Embora os Estados Unidos aleguem que a operação visa combater o tráfico de drogas, especialistas apontam que o real objetivo pode ser uma ação mais direta contra o regime de Nicolás Maduro.
Motivações por trás da operação militar
Os Estados Unidos justificam a movimentação militar como uma resposta ao tráfico de drogas, sobretudo ligado ao suposto Cartel de los Soles, do qual Maduro é acusado de liderar. Além disso, os EUA oferecem recompensa de US$ 50 milhões por informações que levem à captura do presidente venezuelano, considerado um “fugitivo da Justiça”.
No entanto, analistas como Maurício Santoro, doutor em Ciência Política, avaliam que esse argumento pode servir como pretexto. “Tentar ligar o tráfico de drogas ao terrorismo é uma estratégia para legitimar ações militares”, explica ele. Portanto, outros fatores geopolíticos estão em jogo.
Petróleo e influência global
O petróleo venezuelano é um dos maiores atrativos estratégicos. Segundo o Relatório Mundial de Energia de 2025, o país detém as maiores reservas do mundo, com 302,3 bilhões de barris. Os EUA, que ocupam o 9º lugar no ranking, têm interesse direto nesse recurso.
Além disso, a aproximação da Venezuela com a China, Rússia e Irã gera preocupação para a política externa norte-americana. Uma intervenção militar dos EUA na Venezuela poderia funcionar como uma mensagem clara a essas potências: a América Latina continua sob influência americana.
Possibilidades de ação e reações
Segundo o site Axios, o presidente Trump solicitou um “menu de opções” sobre como agir na Venezuela. Embora uma invasão terrestre seja considerada improvável no momento, outras medidas estão sendo cogitadas, como ataques aéreos ou operações com drones.
O arsenal venezuelano é obsoleto diante do poderio militar norte-americano. Por isso, especialistas acreditam que, caso haja um confronto, os EUA optariam por bombardeios cirúrgicos em instalações militares e infraestrutura estratégica, como refinarias.
Reação da América Latina
Diante de uma intervenção militar dos EUA na Venezuela, a reação na América Latina seria dividida. Países como Brasil, México e Colômbia tenderiam a defender a soberania venezuelana, mesmo com críticas ao governo Maduro. Por outro lado, nações como Argentina, Equador e Trinidad e Tobago apoiam a classificação do Cartel de los Soles como organização terrorista.
Internamente, o governo venezuelano já declarou estado de alerta máximo. Maduro mobilizou 4,5 milhões de milicianos e 15 mil militares para a fronteira com a Colômbia. Além disso, o país enviou uma carta à ONU pedindo intervenção para conter a “ameaça” norte-americana.
Conclusão
Portanto, a presença militar dos EUA no Caribe não pode ser descartada como mera operação antidrogas. Trata-se de uma demonstração de força que sinaliza possíveis ações mais agressivas. A intervenção militar dos EUA na Venezuela ainda não é certa, mas suas implicações geopolíticas já afetam toda a região latino-americana.