O plano dos EUA para Gaza, recentemente divulgado pela imprensa internacional, tem gerado grande repercussão no Oriente Médio. Segundo informações do The Washington Post, o governo americano estaria considerando uma proposta para a realocação voluntária da população da Faixa de Gaza como parte de um ambicioso projeto de reconstrução pós-guerra.
O que prevê o plano dos EUA para Gaza?
O documento acessado pela publicação prevê a realocação voluntária de aproximadamente 2 milhões de palestinos para outros países ou áreas seguras dentro da própria Faixa de Gaza. Além disso, os moradores que aceitarem deixar o território receberiam US$ 5 mil em dinheiro, assistência para quatro anos de aluguel e um ano de alimentos.
Proprietários de terras, por sua vez, poderiam optar por tokens digitais ou trocar suas propriedades por apartamentos em uma das seis ou oito novas cidades inteligentes com tecnologia de Inteligência Artificial (IA), que seriam erguidas na região. O projeto ainda prevê a criação de um fundo internacional — o GREAT Trust — para administrar o território por dez anos, com o objetivo de preparar uma nova entidade palestina “desradicalizada”.
Rejeição do Hamas e da população local
O Hamas rejeitou veementemente o plano dos EUA para Gaza. Bassem Naim, membro do gabinete político do grupo, declarou nas redes sociais que “Gaza não está à venda” e que o território é “parte integrante da pátria palestina”. Outro dirigente do Hamas, que preferiu não se identificar, afirmou à AFP que “essas propostas são inúteis e injustas”.
Além disso, a população local tem se mostrado cética diante da proposta. Qasem Habib, palestino de 37 anos, considerou o projeto “um disparate”, destacando que a ajuda verdadeira seria pressionar Israel a acabar com a guerra. Já Wael Azzam, de 60 anos, declarou que “nascemos e crescemos aqui”, questionando se os líderes dos EUA aceitariam ser deslocados.
Existe apoio ao plano?
Nem todos os palestinos rejeitam o plano de forma categórica. Ahmed al Akkawi, de 30 anos, disse que apoiaria o plano dos EUA para Gaza “se significasse o fim da guerra e a possibilidade de viver em segurança na Europa”. Ele ainda ressaltou a necessidade de garantias claras sobre a reconstrução da região.
O histórico dos EUA no Oriente Médio
Portanto, o plano dos EUA para Gaza não surge isoladamente. Em fevereiro, durante uma reunião na Casa Branca, o então presidente Donald Trump e o primeiro-ministro israelense Benjamin Netanyahu discutiram uma iniciativa semelhante. Na ocasião, Trump sugeriu assumir o controle da Faixa de Gaza e transformá-la na “Riviera do Oriente Médio” — um projeto que foi rejeitado por países árabes, ocidentais e pela ONU.
Conclusão
Em conclusão, o plano dos EUA para Gaza coloca em xeque o futuro da população local e gera reações divididas. Embora os Estados Unidos busquem uma solução para a crise humanitária na região, a falta de diálogo direto com os palestinos e a ausência de garantias sobre soberania e direitos levantam sérias dúvidas sobre a viabilidade do projeto.