Uma brasileira revelou publicamente ter sido abusada pelo empresário Jeffrey Epstein quando tinha apenas 14 anos. Marina Lacerda, hoje com 37 anos, participou de uma coletiva de imprensa em 3 de setembro de 2025 para exigir a divulgação de todos os documentos da investigação sobre o caso.
A trajetória de abuso de Marina Lacerda
Marina Lacerda conheceu Jeffrey Epstein em 2002, quando se mudou para os Estados Unidos com a mãe e a irmã. As três dividiam um pequeno quarto no bairro do Queens, em Nova York. Além disso, a jovem trabalhava em três empregos para ajudar a sustentar a família.
Foi nesse contexto de vulnerabilidade que surgiu a oportunidade de conhecer Epstein. Uma amiga do bairro lhe ofereceu uma chance de ganhar US$ 300 por dar uma massagem em um homem mais velho. “Isso passou de um emprego dos sonhos para o pior pesadelo”, relatou Marina.
Envolvimento com a rede de tráfico sexual
Segundo a própria vítima, ela passou a integrar uma rede de meninas recrutadas em Nova York e forçadas a encontros sexuais com o empresário. Jeffrey Epstein mantinha uma estrutura de exploração envolvendo dezenas de menores de idade, entre 2002 e 2005.
Marina relatou que os abusos duraram três anos. Ela acreditava, na época, que poderia mudar sua vida ao “jogar o jogo”, na esperança de conseguir um futuro melhor para si e sua família. No entanto, aos 17 anos, Epstein começou a perdê-la o interesse por considerá-la “velha demais”.
Busca por justiça e pressão por transparência
Em 2008, o FBI procurou Marina, mas ela não pôde depor devido ao acordo judicial firmado por Jeffrey Epstein com a Justiça. Apenas em 2019, quando a investigação foi reaberta, Marina teve a oportunidade de prestar depoimento.
Na coletiva de imprensa, a brasileira afirmou: “Como imigrante do Brasil, eu me sinto fortalecida em saber que a garotinha que lutava para sobreviver aos 14 e 15 anos finalmente tem uma voz.”
Proposta de lei para tornar documentos públicos
A coletiva foi organizada pelos deputados norte-americanos Thomas Massie (republicano) e Ro Khanna (democrata), que, apesar de partidos opostos, apoiam a aprovação de uma lei que obrigue a divulgação de todos os documentos sigilosos relacionados ao caso. Isso inclui arquivos do FBI e de procuradores federais.
Esse movimento visa garantir transparência sobre a extensão real da rede de tráfico sexual liderada por Jeffrey Epstein e identificar eventuais cúmplices.
Conexões políticas e impasses na investigação
Jeffrey Epstein manteve relações com personalidades influentes, incluindo políticos e celebridades. Donald Trump, por exemplo, foi associado ao empresário por meio de registros de voos compartilhados. No entanto, até o momento, Trump não é investigado formalmente no caso.
Durante a campanha eleitoral de 2024, o então candidato prometeu revelar uma lista com nomes de supostos clientes de Epstein. Em fevereiro de 2025, alguns documentos foram divulgados, mas o Departamento de Justiça afirmou posteriormente que nenhuma lista oficial existe nos arquivos da investigação.
Portanto, a promessa inicial de transparência foi desmentida, gerando frustração entre apoiadores que acreditam em teorias da conspiração. Ainda assim, vítimas como Marina Lacerda seguem pressionando por justiça e total acesso aos dados.
Conclusão
O caso Jeffrey Epstein revela um sistema de abuso e corrupção com alcance internacional. A coragem de vítimas como Marina Lacerda é fundamental para que a sociedade continue exigindo responsabilização e transparência. A luta por justiça, mesmo após anos, é essencial para prevenir futuros casos semelhantes.