Putin sobre tarifas de Trump: críticas apontam para interferência política e não econômica

Putin afirma que tarifas de Trump ao Brasil visam interferir na política interna e não corrigir desequilíbrios comerciais, em resposta a sanções e julgamento de Bolsonaro.

O presidente russo, Vladimir Putin, fez duras críticas às tarifas impostas pelo ex-presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, ao Brasil. Segundo ele, as taxas aplicadas ao setor brasileiro não refletem desequilíbrios comerciais, mas sim questões políticas internas envolvendo autoridades brasileiras e o ex-presidente Jair Bolsonaro.

Declarações de Putin durante visita à China

Durante uma coletiva de imprensa em Pequim, Putin foi questionado sobre sanções comerciais e respondeu com firmeza. O líder russo afirmou que a tarifa de 50% imposta pelo governo americano ao Brasil não está relacionada com a guerra na Ucrânia ou com a balança comercial bilateral.



Além disso, Putin destacou que, diferentemente da Índia — que também recebeu tarifas elevadas por motivos econômicos —, o Brasil foi alvo de uma ação que visa interferir internamente no cenário político brasileiro. “O que a Ucrânia tem a ver com isso? Embora houvesse referências à Ucrânia, o que uma coisa tem a ver com a outra? Nada”, declarou.

Motivações políticas por trás das tarifas

Putin destacou que a data de imposição das tarifas foi antecipada para antes do julgamento de Bolsonaro no STF. Portanto, as ações dos EUA parecem estar mais ligadas ao contexto judicial brasileiro do que a qualquer desequilíbrio comercial real.

Trump justificou as tarifas com base em supostos protecionismos brasileiros e decisões do STF sobre redes sociais. No entanto, o governo brasileiro rechaçou essa narrativa e considerou a medida uma tentativa de ingerência externa nas instituições nacionais.



O presidente Luiz Inácio Lula da Silva classificou a atitude como inaceitável. “O Brasil é um país soberano com instituições independentes que não aceitará ser tutelado por ninguém”, enfatizou.

Contexto comercial e geopolítico

É importante notar que, nos últimos dez anos, o saldo comercial entre Brasil e Estados Unidos tem sido favorável aos americanos, com um déficit acumulado de US$ 43 bilhões para o Brasil. Além disso, o país importou cerca de 60% do diesel dos últimos quatro anos da Rússia, segundo dados do MDIC.

Apesar disso, Trump não vinculou diretamente as tarifas às relações comerciais com Moscou. Isso levanta a hipótese de que o real objetivo das taxas esteja mais ligado à pressão política do que a fatores econômicos.

  • Brasil e Índia são os únicos países com tarifa de 50%;
  • Brasil tem balança comercial favorável aos EUA;
  • Importações de combustível russo aumentaram nos últimos anos;
  • Trump ligou as tarifas ao julgamento de Bolsonaro;
  • Putin considera a ação uma interferência política.

Repercussão internacional

A visita de Putin à China coincidiu com o 80º aniversário da vitória chinesa sobre o Japão na Segunda Guerra Mundial. O evento reuniu líderes como Xi Jinping e Kim Jong Un. Contudo, a comunidade internacional esperava discussões sobre a guerra na Ucrânia — o que não ocorreu, segundo o próprio Putin.

Em conclusão, o posicionamento de Putin sobre tarifas de Trump reforça uma visão de que os Estados Unidos estão utilizando instrumentos econômicos como forma de pressão política. O debate internacional deve continuar, especialmente em um cenário de crescente tensão geopolítica.