Betty Lachgar: ativista condenada por camiseta ‘Alá é lésbica’ divide opiniões no Marrocos

Betty Lachgar foi condenada a dois anos e meio de prisão no Marrocos por ofender o Islã ao usar camiseta com a frase 'Alá é lésbica'. Entenda o caso e as reações.

A ativista feminista marroquina Betty Lachgar virou figura central de um intenso debate sobre os limites entre a liberdade de expressão e o respeito às crenças religiosas. Recentemente, ela foi condenada a dois anos e meio de prisão por postar uma foto vestindo uma camiseta com o slogan “Alá é lésbica”.

A condenação e sua repercussão

Além disso, Betty Lachgar terá que pagar uma multa de US$ 5 mil, cerca de 16 salários mínimos no Marrocos, por ofensas consideradas à religião islâmica. O caso foi julgado sob o Artigo 267-5 do Código Penal marroquino, que tipifica como crime insultos ao islamismo.



Portanto, a condenação gerou grande repercussão nacional e internacional. Apesar de receber ameaças de morte e violência, como linchamento e apedrejamento, a ativista também reuniu apoio significativo. No tribunal, em Rabat, dezenas de mulheres compareceram em solidariedade.

Quem é Betty Lachgar?

Betty Lachgar, de 50 anos, é cofundadora do Movimento Alternativo pelas Liberdades Individuais no Marrocos e uma figura conhecida pela defesa dos direitos das mulheres e da comunidade LGBTQIA+. Ao longo dos anos, protagonizou atos simbólicos e polêmicos, como um beijo coletivo em frente ao Parlamento e a distribuição de pílulas abortivas.

Atualmente, ela enfrenta um agravante de saúde: um diagnóstico de câncer. Desde agosto, encontra-se em confinamento solitário, o que levantou preocupações sobre as condições de sua detenção.



O caso da camiseta “Alá é lésbica”

Betty Lachgar usava a camiseta com a frase “Alá é lésbica” há pelo menos três anos. No entanto, a postagem de uma nova foto com a peça viralizou, causando grande reação em setores conservadores do país. Em um contexto onde a homossexualidade ainda é criminalizada com até três anos de prisão, a imagem foi vista como ofensiva.

Durante o julgamento, Betty Lachgar alegou inocência e declarou que sua intenção não era ofender a religião islâmica. Segundo ela, a frase fazia parte de uma ação feminista internacional e se referia a todos os deuses, e não especificamente a Alá.

Além disso, sua defesa sustentou que o uso da camiseta está dentro dos limites da liberdade de expressão, um direito assegurado pela Constituição marroquina. Mesmo assim, o tribunal não aceitou os argumentos apresentados.

Reações e críticas à decisão judicial

  • A advogada Naima El Guellaf classificou a condenação como desproporcional, destacando a condição de saúde da ativista.
  • Hamid Sisouk, da Associação Marroquina para os Direitos Humanos, afirmou que a sentença ameaça a liberdade de opinião e expressão.
  • Organizações internacionais de direitos humanos também se manifestaram contra a pena, chamando-a de excessiva.

Portanto, o caso de Betty Lachgar ilustra o tenso equilíbrio entre valores religiosos e direitos civis em sociedades em transformação. Em conclusão, a condenação reforça o desafio enfrentado por ativistas que desafiam normas tradicionais em nome da liberdade individual.