Aluguel para estudantes em Portugal: desafios e realidade enfrentada pelos brasileiros

O aluguel para estudantes em Portugal tem impactado fortemente estudantes brasileiros, com preços em alta e oferta escassa. Saiba mais sobre os desafios e alternativas.

O aluguel para estudantes em Portugal tem se tornado um dos principais obstáculos para brasileiros que desejam estudar no país. A alta nos preços dos imóveis destinados à moradia estudantil impacta diretamente o orçamento desses jovens, muitos dos quais dependem de recursos limitados para arcar com os custos de vida.

A realidade do mercado imobiliário estudantil

Segundo dados do Observatório do Alojamento Estudantil, o valor médio do aluguel de um quarto em Portugal chegou a 415 euros por mês em 2024, um aumento de 5,5% em relação ao ano anterior. Esse valor representa um desafio considerável, especialmente quando comparado ao salário mínimo nacional, que é de 870 euros.



Em Lisboa, a situação é ainda mais crítica, com média de 500 euros por mês, podendo atingir até 714 euros em alguns bairros. Já no Porto, os preços giram em torno de 400 euros, enquanto em Coimbra e Braga os valores são um pouco mais acessíveis, com médias de 280 e 323 euros, respectivamente.

Estudantes brasileiros sentem o impacto

Muitos estudantes brasileiros relatam terem que rever seus planos devido ao aluguel para estudantes em Portugal. Edlanea Ferreira, por exemplo, veio ao Porto há três anos para fazer um mestrado. Quando chegou, pagava 290 euros por mês por um quarto. Hoje, diz ela, é impossível encontrar algo abaixo de 400 euros.

Além disso, Ayla Amaral, que se mudou para Coimbra em 2024, conta que o valor dos quartos subiu de 250 para, no mínimo, 350 euros. Diante dessa realidade, optou por morar sozinha em um microapartamento por 400 euros mensais. “Optei por não dividir o quarto, mas isso compromete bastante minha renda”, afirma.



Oferta e demanda: o que explica o aumento?

O aumento nos preços está diretamente ligado à crescente demanda por imóveis em cidades universitárias como Lisboa, Porto e Coimbra. Segundo Pedro Simão, administrador dos Serviços de Ação Social da Universidade de Lisboa, a escassez de oferta e a forte entrada de turistas e trabalhadores migrantes elevaram os custos habitacionais.

“São cidades com crescente demanda turística e de trabalhadores migrantes, o que encarece a habitação”, explica.

Diferenças entre estudantes locais e internacionais

O mercado imobiliário e o sistema educacional em Portugal também criam disparidades entre estudantes locais e estrangeiros. Lisandra Gonzaga, que chegou recentemente ao Porto, conta que teve que adiar seus planos devido à inflação nos custos.

Para conseguir se manter, trabalhou na França como babá antes de iniciar os estudos. Hoje, paga 450 euros por um quarto temporário. Além disso, estudantes internacionais pagam taxas mais altas nas universidades. Enquanto um estudante da União Europeia paga 2.500 euros por ano, um estudante brasileiro desembolsa até 4.550 euros.

  • Estudantes da UE: 2.500 euros/ano
  • Estudantes brasileiros: até 4.550 euros/ano
  • Estudantes da CPLP: 3.835 euros/ano

Consequências para o ensino superior

O aumento no aluguel para estudantes em Portugal tem impactado diretamente o acesso ao ensino superior, especialmente para famílias de baixa renda. “Para famílias em condições socioeconômicas mais vulneráveis, torna-se muito difícil, em algumas ocasiões impossível, suportar a frequência dos seus filhos no ensino superior”, ressalta Pedro Neto Monteiro, presidente da Federação Acadêmica de Lisboa.

Kaio Jesus, estudante de enfermagem em Coimbra, ilustra essa realidade: mesmo morando em residência estudantil, paga 100 euros por mês por um quarto duplo – um aumento de 33 euros em três anos. “Acompanho a subida dos preços e hoje morar fora da residência da universidade já se tornou inviável”, afirma.

Alternativas para lidar com os custos

Muitos estudantes brasileiros têm buscado alternativas para reduzir despesas. Algumas soluções incluem:

  1. Morar em cidades menores com custo de vida menor;
  2. Optar por moradia compartilhada ou repúblicas;
  3. Procurar empregos estudantis para complementar a renda;
  4. Concorrer a bolsas de moradia oferecidas pelas universidades.

Conclusão

O aluguel para estudantes em Portugal representa um dos maiores desafios enfrentados por estudantes brasileiros. Com preços em constante alta e salários estáveis, a moradia estudantil se torna um obstáculo significativo para a permanência no país. Diante disso, é essencial que políticas públicas e iniciativas universitárias sejam ampliadas para garantir o acesso à educação de qualidade sem comprometer a estabilidade financeira dos estudantes.