A derrota de Milei nas eleições legislativas da província de Buenos Aires representa um revés significativo para o governo argentino. O presidente Javier Milei, que apostou alto na vitória deste distrito eleitoral, enfrenta agora pressões internas e externas após sua coalizão, A Liberdade Avança, terminar em segundo lugar com uma diferença de 13 pontos percentuais para a coalizão peronista Força Pátria.
Um resultado que abala a base de apoio
Além disso, a derrota de Milei não ocorreu isoladamente. A legenda governista perdeu em seis das oito seções eleitorais da província, o que demonstra uma rejeição generalizada ao seu projeto político. O resultado serve como um termômetro importante para as eleições legislativas nacionais marcadas para outubro, cuja campanha agora começa sob auspícios desfavoráveis.
Portanto, o presidente teve de reconhecer publicamente a derrota, em discurso marcado pela emoção e pela tensão. Embora tenha apresentado uma autocrítica, Milei reafirmou que não voltará atrás nas políticas econômicas adotadas até agora. “Não estamos dispostos a abrir mão de um modelo que pegou uma inflação de 300% e reduziu-a a 20%”, disse.
Pressões internas e escândalos recentes
No entanto, o clima interno não ajuda. Escândalos de corrupção envolvendo sua irmã, Karina Milei, a principal estrategista do governo, têm abalado a confiança pública. Além disso, derrotas no Parlamento e pressões da economia, especialmente na taxa de câmbio, têm tornado o cenário ainda mais complicado.
- Derrotas sucessivas no Congresso;
- Vazamento de áudios comprometedores;
- Crise na credibilidade dos mercados;
- Fragilidade diante da oposição organizada.
Em conclusão, como destacou o colunista Cláudio Jaquelin, do jornal La Nación, “foi uma série de graves erros que deixaram o governo numa posição ainda mais frágil, justamente quando precisava desesperadamente ser ratificado e fortalecido pelo voto popular”.
O que vem por aí?
Com apenas algumas semanas até as próximas eleições legislativas, o presidente tem uma janela estreita para redefinir sua estratégia. A derrota de Milei em Buenos Aires não apenas enfraquece seu capital político, mas também fortalece a oposição, especialmente o governador Axel Kicillof, que agora surge como principal candidato à sucessão.
Portanto, o desafio para o governo é duplo: recuperar apoio popular e manter coesão interna. Caso contrário, a tendência é que a derrota se repita em escala nacional, colocando em risco a continuidade das reformas radicais prometidas por Milei desde sua posse.