A Câmara dos Deputados dos Estados Unidos divulgou, nesta segunda-feira (8), documentos exclusivos relacionados ao escândalo envolvendo Jeffrey Epstein. Entre os arquivos, um caderno comemorativo dos 50 anos do bilionário traz um bilhete que faz uma “piada” sobre a venda de uma mulher a Donald Trump por US$ 22,5 mil.
O conteúdo do bilhete polêmico
O material foi entregue pelos advogados do espólio de Jeffrey Epstein aos parlamentares americanos. O caderno reúne mensagens de amigos, familiares e assistentes do bilionário, coletadas por Ghislaine Maxwell, sua parceira na época.
Uma das páginas do álbum contém um bilhete assinado pelo empresário Joel Pashcow, que insinua que Epstein teria vendido uma mulher “totalmente depreciada” ao então magnata. O texto diz: “Jeffrey mostrando talentos precoces com dinheiro e mulheres! Vendeu [nome censurado] ‘totalmente depreciada’ para Donald Trump por US$ 22.500. Também mostrou precoces ‘habilidades sociais’. Mesmo tendo sido eu quem conduziu o negócio, não recebi nem o dinheiro nem a garota!”.
Além disso, acima do bilhete, há uma foto em que Epstein aparece segurando um cheque falso em nome de Donald Trump. O rosto da mulher na imagem está coberto.
Quem era a mulher citada?
Segundo o Wall Street Journal, a mulher mencionada rompeu os laços com Jeffrey Epstein em 1997. Rica e de origem europeia, ela teria cerca de 20 anos na época. Fontes indicam que a jovem teria sido um “ponto de tensão” na amizade entre Epstein e Trump.
Pessoas próximas a Epstein afirmam que ele teria ficado chateado quando a mulher escolheu passar mais tempo com Trump. No entanto, o advogado dela nega qualquer envolvimento romântico com os dois e classificou o conteúdo do bilhete como “repugnante”.
A suposta carta de Trump a Epstein
O mesmo caderno inclui uma carta atribuída a Donald Trump, com uma mensagem datilografada dentro da silhueta de uma mulher nua desenhada à mão. A assinatura “Donald” aparece abaixo da cintura da figura, e o texto termina com a frase: “Feliz aniversário — e que cada dia seja mais um maravilhoso segredo.”
A tradução do conteúdo é a seguinte:
- Narrador: Deve haver mais na vida do que ter tudo.
- Donald: Sim, existe, mas não vou te dizer o que é.
- Jeffrey: Nem eu, já que também sei o que é.
- Donald: Temos certas coisas em comum, Jeffrey.
- Jeffrey: É verdade, pensando bem.
- Donald: Enigmas nunca envelhecem, você já notou?
- Jeffrey: Na verdade, isso ficou claro para mim da última vez que te vi.
- Donald: Um amigo é uma coisa maravilhosa. Feliz aniversário — e que cada dia seja mais um maravilhoso segredo.
Trump negou publicamente a autoria da carta e entrou com um processo contra o Wall Street Journal, pedindo uma indenização de US$ 10 bilhões. Além disso, o vice-chefe de Gabinete da Casa Branca, Taylor Budowich, afirmou que a assinatura do documento não é autêntica.
Resposta da Casa Branca
A porta-voz Karoline Leavitt classificou a carta como falsa e destacou que o presidente não teria desenhado ou assinado o documento. A equipe jurídica de Trump prometeu continuar o processo contra o jornal de forma “agressiva”.
Apesar das dúvidas levantadas, veículos da imprensa americana encontraram documentos da década de 1990 nos quais a assinatura de Trump se assemelha à que consta no suposto bilhete.
Quem foi Jeffrey Epstein?
Jeffrey Epstein era um banqueiro e investidor americano condenado por crimes de tráfico sexual envolvendo menores. Entre 2002 e 2005, ele foi acusado de aliciar dezenas de meninas para encontros sexuais em suas propriedades.
Em 2008, Epstein chegou a firmar um acordo com a Justiça, mas em 2019, autoridades federais consideraram o acordo inválido e determinaram sua prisão. Poucos dias após ser preso, Epstein foi encontrado morto em sua cela, em circunstâncias que geraram controvérsias.
Trump e Epstein: uma relação controversa
Durante a campanha presidencial de 2024, Trump prometeu revelar uma lista com os nomes de supostos clientes de Jeffrey Epstein. Em fevereiro, alguns voos registrados em nome do bilionário mostraram que Trump esteve em seus jatos, embora não seja investigado pelo caso.
Contudo, o Departamento de Justiça informou que não há nenhuma lista de clientes nos arquivos da investigação, e o próprio presidente passou a afirmar que tal documento é uma farsa. Essa mudança de versão frustrou muitos apoiadores republicanos, que insistem na divulgação completa dos documentos.
Em conclusão, os novos documentos revelam aspectos obscuros da vida de Jeffrey Epstein e sua conexão com figuras poderosas, como Donald Trump. Embora a Casa Branca negue envolvimento, os arquivos mantêm viva a polêmica em torno de um dos maiores escândalos da política americana recente.