Protestos no Nepal: Brasileira relata estar presa após manifestações paralisarem cidade

Brasileira relata estar presa em Bhaktapur, Nepal, após protestos fecharem ruas. Entenda os motivos dos protestos no Nepal e os impactos na segurança dos turistas.

Os protestos no Nepal têm causado grande comoção internacional, especialmente após relatos de turistas estrangeiros presos em meio à violência generalizada. Uma brasileira identificada como Renata Bortolotti, de São Paulo, relatou ao g1 que está “presa” na cidade de Bhaktapur, vizinha à capital Katmandu, devido ao fechamento de ruas e estradas pelos manifestantes.

Cenário de caos e violência

Os protestos no Nepal eclodiram na segunda-feira (8), com confrontos violentos entre manifestantes e policiais em frente ao Parlamento. Segundo autoridades locais, pelo menos 19 pessoas morreram após a polícia abrir fogo contra jovens que protestavam. Além disso, o complexo do Parlamento foi invadido e incendiado, juntamente com casas de ministros, incluindo a residência da ministra das Relações Exteriores.



Renata, que viajava com um grupo de sete mulheres, chegou ao país no dia 5 e relatou que a situação começou a se agravar rapidamente. “Viemos fazer um passeio em Bhaktapur e não conseguimos voltar mais para o nosso hotel, em Katmandu. Ficamos presas na cidade. Estradas e ruas fechadas. Incêndios. Viemos para outro hotel para dormir”, afirmou.

Motivações dos manifestantes

Segundo a TV estatal nepalesa, os protestos no Nepal são motivados principalmente pelo bloqueio das redes sociais, como Facebook e Instagram, imposto pelo governo na semana anterior. A população também protesta contra acusações de corrupção. O slogan “Bloqueiem a corrupção, não as redes sociais” ecoa pelas ruas em chamas de Katmandu.

O governo justificou o corte no acesso às plataformas por alegações de falta de colaboração para combater usuários que espalham discurso de ódio, notícias falsas e cometem fraudes. No entanto, essa justificativa não convenceu a população, que respondeu com revoltas massivas.



Renúncia do primeiro-ministro e continuidade da crise

Pressionado pela intensa revolta popular, o primeiro-ministro KP Sharma Oli renunciou ao cargo na terça-feira (9). Em comunicado, ele afirmou que o objetivo era “dar novos passos em direção a uma solução política”. Porém, a medida não acalmou os ânimos. Manifestantes continuaram a agir com violência, invadindo e queimando prédios governamentais.

Além disso, duas autoridades de alto escalão tiveram suas casas invadidas. A ministra das Relações Exteriores e seu marido foram agredidos por manifestantes dentro de suas residências. Civis foram vistos portando armas de fogo nas ruas, e veículos como ambulâncias e carros da polícia foram alvos de ataques.

Impacto no turismo e transporte

O aeroporto internacional de Katmandu, principal porta de entrada do país, foi fechado devido à fumaça proveniente dos incêndios provocados pelos manifestantes. Dois hotéis importantes, Hilton e Varnabas, também sofreram danos significativos. Renata e seu grupo tinham voo marcado para o Butão, mas o aeroporto permanece inoperante. “Estamos rezando para conseguir ir pro Butão”, desabafou.

Resposta do governo e medidas de segurança

Diante da escalada da violência, o Exército do Nepal assumiu o controle da ordem pública a partir das 22h do horário local. Um toque de recolher foi imposto em áreas estratégicas da capital, incluindo o gabinete do primeiro-ministro e a residência do presidente.

Autoridades pediram à população que cessem os atos de vandalismo e saques. O Ministério da Saúde do Nepal incentivou a doação de sangue em hospitais locais e no banco de sangue central do país. Apesar das medidas, a tensão ainda predomina nas ruas.

Os protestos no Nepal deixam claro que o país enfrenta uma profunda crise política e social, com consequências que ultrapassam as fronteiras e afetam turistas e estrangeiros. A situação merece atenção contínua, e viajantes devem acompanhar atentamente os avisos dos consulados e órgãos de segurança antes de programar viagens à região.