O presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, anunciou oficialmente o envio de tropas da Guarda Nacional para a cidade de Memphis, no Tennessee. A medida, tomada nesta segunda-feira (15), é parte de uma estratégia mais ampla do governo republicano de intervir federalmente em áreas urbanas com altos índices de criminalidade — especialmente aquelas governadas por adversários políticos do Partido Democrata.
Memphis na mira do governo federal
A cidade de Memphis, com cerca de 611.000 habitantes, localiza-se às margens do Rio Mississippi e enfrenta sérios problemas com a violência urbana. Segundo dados do FBI, a cidade possui uma das maiores taxas de crimes violentos do país. Além disso, cerca de 24% da população vive abaixo da linha da pobreza, índice que supera em mais do dobro a média nacional.
Durante um evento na Casa Branca, Trump justificou a intervenção afirmando: “É muito importante devido à criminalidade que está ocorrendo. Memphis teve a maior taxa de crimes violentos, a maior taxa de crimes contra a propriedade e a terceira maior taxa de homicídios de qualquer cidade do país”.
Curiosamente, o prefeito de Memphis, Paul Young, membro do Partido Democrata, negou ter solicitado a presença da Guarda Nacional, reforçando que discorda da abordagem federal. Mesmo assim, afirmou estar comprometido em colaborar para que a operação beneficie a comunidade.
Outras cidades na linha de frente
Além de Memphis, Trump envia Guarda Nacional como parte de um plano maior que inclui outras grandes cidades comandadas por democratas. Semanas antes, o presidente já havia sinalizado intenções de intervir em Chicago, Nova York e San Francisco, acusando os governos locais de negligenciarem a segurança pública.
- Chicago: descrita por Trump como uma “bagunça”, com prefeito “extremamente incompetente”.
- Nova York: próxima da lista de intervenções federais.
- San Francisco: citada como local de “limpeza” por parte do governo federal.
Apesar das declarações, Trump ainda não divulgou datas específicas para as operações em cada uma dessas cidades. No entanto, o tom de seu discurso indica que a ação em Memphis é apenas o início de uma série de intervenções com forte viés político.
Washington D.C. como modelo
O envio da Guarda Nacional para Memphis se assemelha ao que já acontece em Washington D.C. desde meados de agosto. Lá, cerca de 2.000 militares foram mobilizados com o objetivo de combater a criminalidade, sob justificativa de que a capital norte-americana estaria “fora de controle”.
Contudo, dados oficiais mostram que o índice de crimes violentos em Washington D.C. caiu 26% entre 2023 e 2024. Autoridades locais, como a prefeita Muriel Bowser, condenaram a intervenção, classificando-a como “alarmante e sem precedentes”.
O papel da Guarda Nacional
A Guarda Nacional é uma força híbrida subordinada ao Exército dos EUA, mas que normalmente atua sob comando estadual. Quando enviada para missões federais, seus recursos passam a ser custeados pelo governo central, embora não assuma o poder de fazer prisões, a menos que autorizada por leis estaduais específicas.
Essa limitação gera controvérsia, especialmente quando a intervenção é vista como uma tentativa de sobrepor o poder federal ao das autoridades locais. Por isso, muitos especialistas apontam que o Trump envia Guarda Nacional como uma estratégia política, tanto quanto de segurança.
Conclusão: segurança ou pressão política?
O movimento de Trump envia Guarda Nacional para Memphis e outras cidades indica uma tendência preocupante de instrumentalização das forças armadas em disputas partidárias. Embora a criminalidade seja uma preocupação legítima para qualquer governo, o uso da Guarda Nacional como ferramenta política levanta sérias questões sobre os limites do poder presidencial.
Enquanto isso, a população dessas cidades aguarda para ver se a intervenção trará mais segurança — ou mais instabilidade institucional.