Genocídio em Gaza: Comissão da ONU aponta crimes de Israel; governo nega acusações

Relatório da ONU aponta genocídio em Gaza por parte de Israel, segundo comissão independente. Governo israelense nega as acusações e qualifica o documento como falso.

Uma comissão independente contratada pela Organização das Nações Unidas (ONU) divulgou, nesta terça-feira (16), um relatório que aponta a ocorrência de genocídio em Gaza por parte de Israel. O documento, resultado de uma investigação aprofundada, sustenta que autoridades israelenses cometeram atos que se enquadram na definição legal de genocídio.

O que é o relatório da ONU sobre o genocídio em Gaza?

A Comissão de Inquérito sobre o Território Palestino Ocupado, instituída pelo Conselho de Direitos Humanos da ONU em 2021, publicou um documento detalhado que analisa os eventos ocorridos em Gaza desde o início do conflito em outubro de 2023. Segundo o relatório, Israel teria cometido quatro dos cinco atos definidos pela Convenção da ONU sobre Genocídio de 1948, incluindo:



  • Morte de civis;
  • Causa de danos físicos e mentais graves;
  • Imposição deliberada de condições de vida que levam à destruição do grupo;
  • Medidas destinadas a impedir nascimentos, como o ataque a uma clínica de fertilidade em dezembro de 2023.

Além disso, o documento acusa o primeiro-ministro israelense, Benjamin Netanyahu, e seu governo de incitar e orquestrar uma campanha deliberada de destruição do grupo palestino em Gaza. Navi Pillay, ex-juíza do Tribunal Penal Internacional e responsável pela comissão, afirmou: “Está ocorrendo genocídio em Gaza”.

Métodos de investigação utilizados

A comissão baseou suas conclusões em entrevistas com vítimas, testemunhas, médicos, além de documentos de fontes abertas e análises de imagens de satélite. Portanto, os dados foram compilados desde o início da guerra, garantindo uma análise técnica e fundamentada.

Reação do governo israelense

Diante das acusações, o governo israelense reagiu com firmeza. O embaixador de Israel na ONU em Genebra, Daniel Meron, chamou o relatório de “escandaloso” e “falso”, afirmando que os membros da comissão atuam “por procuração do Hamas”. Israel rejeita categoricamente as alegações de genocídio em Gaza e considera o documento uma difamação sem fundamento.



Contexto do conflito

O conflito entre Israel e o Hamas começou em outubro de 2023, após um ataque terrorista que resultou na morte de mais de 1.200 pessoas em território israelense. Desde então, o número de vítimas em Gaza ultrapassou 64 mil, segundo dados do Ministério da Saúde local, apoiado pelo Hamas — informação reconhecida pela própria ONU.

Além disso, mais de dois milhões de palestinos enfrentam uma crise humanitária severa, com escassez de alimentos, água e serviços básicos. A ajuda humanitária tem sido severamente bloqueada, agravando ainda mais a situação.

Implicações do relatório da ONU

Embora a comissão seja independente e não represente oficialmente a ONU, seu relatório pode influenciar decisões futuras da organização. Até o momento, a ONU não utilizou oficialmente o termo genocídio para se referir aos eventos em Gaza. No entanto, o documento serve como base para possíveis ações diplomáticas e decisões judiciais internacionais.

Portanto, o relatório ganha destaque especial por coincidir com o início de uma nova operação terrestre israelense em Gaza, em setembro de 2025, que visa eliminar o que o governo israelense considera o último reduto do Hamas na região.

Conclusão

As acusações de genocídio em Gaza representam um marco significativo nas investigações internacionais sobre o conflito. Embora Israel negue veementemente as alegações, a comissão da ONU apresenta evidências que merecem atenção da comunidade internacional. A evolução desse caso pode impactar profundamente as relações internacionais e o futuro das ações em território palestino.