O papa Leão XIV assume uma postura clara em relação às mudanças promovidas por seu antecessor, o papa Francisco. Em sua primeira grande entrevista exclusiva, divulgada no livro “Leão XIV: Cidadão do mundo, missionário do século XXI”, o pontífice confirma que manterá algumas reformas, mas impõe limites rígidos quanto a avanços doutrinários envolvendo mulheres e a comunidade LGBTQIA+.
Continuidade nas reformas com limites definidos
O papa Leão XIV afirma que não pretende reverter os avanços feitos por Francisco em temas como a nomeação de mulheres em cargos administrativos no Vaticano. No entanto, ele deixa claro que não apoiará a ordenação feminina, algo que tem sido reivindicado por setores progressistas da Igreja Católica. “Espero continuar seguindo os passos de Francisco”, declarou. “Mas o tópico se torna polêmico quando se fala de ordenação. Não tenho intenção de mudar o ensinamento da Igreja sobre isso.”
Além disso, embora o pontífice aceite e receba todos os fiéis, independentemente de suas identidades, ele reafirma que a doutrina da Igreja permanecerá inalterada. “Os indivíduos serão aceitos e recebidos. Todos, todos, todos são bem-vindos. Mas não por serem de uma identidade específica”, explicou. Portanto, não haverá avanços em relação à inclusão formal de fiéis LGBTQIA+ na liturgia ou na doutrina oficial.
Reações da comunidade LGBTQIA+ e movimentos feministas
A declaração do papa Leão XIV chega em um momento delicado, quando a Igreja enfrenta pressões crescentes para se adaptar às transformações sociais contemporâneas. Embora tenha mantido certa abertura em relação à acolhida pastoral, a decisão de congelar mudanças doutrinárias pode desapontar movimentos progressistas dentro e fora da Igreja.
- Mulheres continuam sem acesso à ordenação sacerdotal;
 - Fiéis LGBTQIA+ não terão avanços litúrgicos ou doutrinários;
 - Nomeações femininas continuarão, mas em cargos administrativos;
 - Doutrina da Igreja permanece intacta.
 
Política internacional e Gaza: cautela nos posicionamentos
Além das questões internas da Igreja, o papa Leão XIV também se pronuncia sobre temas globais. No entanto, adota um tom mais neutro em comparação com o papa Francisco, evitando críticas diretas a líderes políticos como Donald Trump e ao governo israelense em relação à situação em Gaza.
“A palavra genocídio está sendo usada cada vez mais”, afirma o papa. “A Santa Sé não acredita que possamos fazer qualquer declaração neste momento sobre isso. Não pretendo me envolver em política partidária.”
Apesar da cautela, o papa ressalta sua preocupação com a dignidade humana, especialmente em relação à imigração. Durante uma reunião com o vice-presidente dos Estados Unidos, JD Vance, ele abordou o tema com firmeza moral, embora sem emitir críticas explícitas ao governo Trump.
Abuso sexual e finanças do Vaticano
Em relação aos casos de abuso sexual, o papa Leão XIV reafirma a condenação da Igreja, mas alerta para o risco de “falsas alegações” contra clérigos. Essa posição pode polarizar ainda mais os debates sobre transparência e justiça dentro da instituição.
Por fim, o pontífice reconhece os desafios financeiros do Vaticano, que enfrenta um déficit orçamentário significativo. No entanto, afirma que a situação está sob controle. “Não acho que a crise tenha acabado… mas não estou perdendo o sono por causa dela”, declarou com tranquilidade.
Um papado conservador, mas com continuidade
Em síntese, o papa Leão XIV propõe uma liderança que mantém certa continuidade com o legado de Francisco, mas com uma abordagem mais conservadora e menos propensa a rupturas doutrinárias. Embora não reverta reformas anteriores, ele delimita com clareza onde a Igreja não avançará, colocando um ponto final em discussões que poderiam gerar novas divisões internas.
