A crise no campo americano está colocando em xeque a estabilidade financeira de milhares de fazendeiros nos Estados Unidos. A situação se agrava devido à combinação de tarifas comerciais impostas pelo governo Trump e à queda nos preços das safras, especialmente da soja, que tem a China como principal destino.
Causas da crise no campo americano
A crise no campo americano tem origem em políticas comerciais controversas. Tarifas elevadas sobre produtos chineses provocaram retaliações que afetaram diretamente as exportações agrícolas. Além disso, a queda nos preços internacionais das commodities agrícolas intensificou os problemas financeiros no setor.
Estados como Arkansas e Dakota do Norte enfrentam uma das piores crises dos últimos anos. Parlamentares republicanos, tradicionalmente aliados do governo Trump, reconhecem a gravidade da situação. O deputado Glenn Thompson, da Pensilvânia, declarou à Reuters: “Os agricultores estão passando por um dos piores momentos econômicos que já vi em toda a minha vida”.
Pressão por ajuda emergencial
Diante da crise no campo americano, os parlamentares pressionam o governo federal para a liberação de um pacote de ajuda emergencial. Há negociações em andamento com o Departamento de Agricultura para aprovar um novo programa de assistência ainda este ano.
O senador John Hoeven, da Dakota do Norte, revelou que o governo estuda um pacote semelhante ao usado no primeiro mandato de Trump, quando foram destinados US$ 23 bilhões aos agricultores. No entanto, parlamentares afirmam que o novo pacote deve superar esse valor para atender à gravidade atual.
Endividamento e risco de falências
No início de setembro, cerca de 500 fazendeiros do Arkansas se reuniram com representantes republicanos para alertar sobre o risco de inadimplência. Muitos deles contraíram empréstimos bancários para a compra de sementes e agora enfrentam dificuldades para honrar essas dívidas.
O fazendeiro Scott Brown declarou à Reuters: “A agricultura é feita como uma roleta russa. Você precisa pagar o empréstimo para voltar a cultivar no próximo ano.” O deputado Rick Crawford ressaltou a importância de um sinal positivo do governo, mesmo antes da aprovação do pacote: “Senão, veremos muitas calamidades financeiras na América rural”.
Resposta do governo
Como resposta aos pedidos de ajuda, o governo americano cogita utilizar a receita arrecadada com as tarifas para financiar o programa de assistência. A secretária da Agricultura, Brooke Rollins, afirmou ao Financial Times que medidas serão anunciadas “em breve”.
Impacto da guerra comercial com a China
A crise no campo americano é agravada pela guerra comercial com a China. O país asiático suspendeu a reserva de importações de soja dos EUA entre setembro e janeiro, o que pode resultar em prejuízos bilionários ao setor.
Enquanto isso, a China aumentou significativamente suas compras de soja brasileira, o que reforça a saída de mercado dos produtores norte-americanos. A Associação Americana de Soja alertou o presidente Trump em carta, afirmando que o setor está “à beira de um precipício comercial e financeiro”.
Na Dakota do Norte, os produtores Josh e Jordan Gackle relataram ao New York Times uma perda estimada de US$ 400 mil em sua fazenda de 930 hectares. Antes das tarifas, mais de 70% da soja da região era exportada para a China. Jordan declarou: “Tudo isso é desnecessário. Os EUA não foram forçados a entrar nessa situação por ninguém.”
Perspectivas para o setor
Portanto, a crise no campo americano exige uma resposta rápida e eficaz do governo federal. A ausência de soluções pode resultar em falências em massa e em um colapso no setor rural. A aprovação de um pacote de ajuda consistente e o restabelecimento de canais de exportação são medidas essenciais para a recuperação do agronegócio norte-americano.
