Emmanuel Macron alerta sobre a lei do mais forte em discurso na ONU e defende multilateralismo

Emmanuel Macron alerta sobre a lei do mais forte em discurso na ONU, defende multilateralismo e chama a ONU de tesouro.

Em discurso marcante na Assembleia Geral da ONU, nesta terça-feira (23), Emmanuel Macron alertou sobre o risco de que prevaleça a “lei do mais forte” no cenário internacional, em um momento de crescente instabilidade geopolítica. O presidente francês usou a oportunidade para reafirmar o compromisso da França com a cooperação multilateral, defendendo a ONU como um “tesouro” global.

Macron defende o multilateralismo eficaz

Em sua fala de cerca de 30 minutos, o presidente francês destacou a necessidade de união entre as nações. “O antijogo de algumas pessoas torna quase impossível que nossa organização seja coletivamente eficaz”, declarou, sem citar diretamente outros líderes, mas fazendo críticas veladas a posturas individualistas. Além disso, Emmanuel Macron reforçou a importância de um multilateralismo eficaz, em contraposição a discursos que enxergam a ONU como um problema, e não como uma solução.



Críticas veladas a Trump e Putin

Em contraste com o discurso de Donald Trump, o segundo a falar no dia, que criticou fortemente a ONU, Emmanuel Macron chamou a organização de fundamental para a paz. Portanto, sua fala foi interpretada como uma resposta indireta ao nacionalismo de líderes como Trump, além de conter críticas diretas ao governo de Vladimir Putin. O presidente francês reafirmou seu apoio à Ucrânia e destacou a agressão russa como uma ameaça global, não apenas regional.

Reconhecimento do Estado Palestino e críticas ao Hamas

Em uma das partes mais polêmicas de seu discurso, Emmanuel Macron abordou a guerra na Faixa de Gaza, reforçando a necessidade de uma solução de dois Estados. Ele declarou: “Não pode haver segurança ou estabilidade para Israel se tivermos uma guerra permanente sendo travada com seus vizinhos.” Em sua visão, a paz só será possível com a libertação de reféns, um cessar-fogo, a desmilitarização de Gaza e o desmantelamento do Hamas. Além disso, o presidente francês defendeu o reconhecimento mútuo entre os Estados israelense e palestino, apesar de críticas de aliados, como os Estados Unidos.

Diálogo com Trump e o desafio ao Irã

Em entrevista anterior, Macron desafiou Trump a acabar com a guerra em Gaza, caso deseje ganhar o Prêmio Nobel da Paz. “Há alguém que pode fazer algo, e esse é o presidente dos Estados Unidos. Vejo um presidente americano que está comprometido, que reiterou isso esta manhã na tribuna [das Nações Unidas]: ‘Quero a paz. Resolvi sete conflitos’. Que quer o Prêmio Nobel da Paz. O Prêmio Nobel da Paz só é possível se ele acabar com este conflito”, afirmou.



Além disso, o presidente francês falou sobre a situação do Irã, ameaçando a reimposição de sanções caso o país não coopere com a AIEA (Agência Internacional de Energia Atômica). Macron tem reunião marcada com o presidente iraniano, Masoud Pezeshkian, na quarta-feira (24).

Defesa de uma economia global equilibrada

Por fim, Emmanuel Macron se posicionou contra a polarização econômica entre o G7 e os BRICS. Na visão dele, o mundo deve buscar uma cooperação mais ampla, envolvendo tanto países desenvolvidos quanto emergentes. Portanto, sua fala reforça a necessidade de equilíbrio entre os blocos econômicos, a fim de evitar a fragmentação do sistema global.

Em conclusão

Em seu discurso, Emmanuel Macron reafirmou a centralidade da França no debate internacional e colocou a ONU como a base para a resolução de conflitos. Em um mundo cada vez mais polarizado, a defesa de um multilateralismo eficaz, como a que fez o presidente francês, ganha relevância. A crítica ao “mais forte” e o apelo à cooperação são mensagens urgentes, especialmente em tempos de guerra e instabilidade.

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