Os Estados Unidos anunciaram uma nova taxa de US$ 100 mil (aproximadamente R$ 530 mil) para candidatos ao visto H-1B, uma medida que promete afetar diretamente o setor de tecnologia. O objetivo declarado do governo é proteger os empregos dos trabalhadores americanos, mas especialistas alertam que o impacto pode ser muito mais profundo do que o previsto.
Entenda o visto H-1B e sua importância
O visto H-1B permite que profissionais estrangeiros altamente qualificados, como engenheiros, cientistas, programadores e outros especialistas, trabalhem temporariamente nos Estados Unidos. Cerca de 141 mil solicitações foram aprovadas em 2024, segundo a Pew Research. Empresas de tecnologia como Amazon, Microsoft e Meta dependem fortemente desse tipo de visto para recrutar talentos globais.
Por que a nova taxa é preocupante?
Essa nova taxa de US$ 100 mil se aplica somente a novas solicitações, o que significa que trabalhadores já estabelecidos nos EUA não serão afetados. No entanto, executivos e investidores afirmam que a medida pode elevar os custos operacionais em milhões de dólares, especialmente para startups que dependem de profissionais internacionais. Além disso, isso pode levar empresas a repensar sua estratégia de recrutamento, inclusive terceirizando serviços ou buscando talentos fora dos EUA.
- Empresas de tecnologia já relatam atrasos em planos de expansão;
- Startups enfrentam dificuldades financeiras para arcar com o valor;
- Grandes corporações, por outro lado, estão mais preparadas para absorver o custo.
Reações do setor de tecnologia
A mudança foi recebida com críticas de figuras importantes do setor. Esther Crawford, diretora de gerenciamento de produtos na Meta, destacou que a força dos EUA sempre esteve em atrair talentos do mundo inteiro. “Imigrantes altamente qualificados não tiram de nós, eles constroem conosco”, declarou. A declaração reflete o sentimento de muitos que acreditam que a inovação será prejudicada.
Além disso, Sam Liang, cofundador da Otter.ai, revelou que a empresa pode reduzir contratações de estrangeiros e buscar alternativas de terceirização, principalmente na Índia, para contornar a nova taxa. “É uma taxa impraticável”, avaliou um advogado de imigração de um escritório de advocacia de renome, citando que empresas Fortune 100 já cogitam buscar talentos fora dos EUA.
Startups: os maiores prejudicados
Enquanto grandes corporações têm recursos para lidar com o aumento de custos, as startups sofrem mais. Deedy Das, sócio da Menlo Ventures, acredita que essa medida pode beneficiar empresas maiores, ao reduzir a concorrência de novas empresas. “Para startups menores, isso é um obstáculo quase intransponível”, afirmou. Mais da metade das startups avaliadas em US$ 1 bilhão ou mais nos EUA foram fundadas por imigrantes, segundo um relatório de 2022.
Expectativas de ação judicial
Vários advogados de imigração já estão mobilizando esforços para ações judiciais, alegando que o valor da taxa ultrapassa o previsto pelo Congresso. A expectativa é de que os tribunais possam intervir antes que a medida cause danos irreparáveis às contratações. Caso isso não aconteça, a tendência é que a inovação tecnológica nos EUA enfraqueça, com a saída de talentos qualificados para outros países.
Em conclusão, a nova taxa de US$ 100 mil para o visto H-1B coloca em risco a competitividade das empresas de tecnologia americanas, especialmente as startups. Embora o discurso oficial defenda a proteção do emprego local, a realidade é que a medida pode afastar os cérebros mais brilhantes do mundo, prejudicando a inovação e o futuro do setor.
