Em um episódio inusitado, o Governo Trump cometeu um erro de identificação nas redes sociais ao anunciar a revogação do visto diplomático do presidente da Colômbia, Gustavo Petro. A publicação inicial, feita no perfil oficial do Departamento de Estado dos Estados Unidos, marcou acidentalmente o jornalista brasileiro Gustavo Petró, do portal g1, em vez do líder colombiano. O equívoco, que gerou repercussão imediata, foi corrigido minutos depois.
Confusão de identidade digital
Na sexta-feira, 26 de setembro, o Departamento de Estado publicou uma mensagem no X (antigo Twitter) afirmando: “Vamos revogar o visto de Petro devido às suas ações imprudentes e incendiárias”. Contudo, em vez de marcar @petrogustavo, o perfil de Gustavo Petro, o texto original mencionou @gustavopetro, o jornalista brasileiro. A postagem foi editada cerca de cinco minutos após a publicação, mas não evitou a viralização do erro.
Essa não foi a primeira vez que o repórter Gustavo Petró é confundido com o presidente da Colômbia. Desde 2010, os dois homônimos enfrentam situações semelhantes nas redes sociais, devido à semelhança dos nomes de usuário. Em entrevistas anteriores, o jornalista revelou que chegou a se encontrar com o presidente colombiano, descobrindo inclusive que compartilham uma ancestralidade comum. “Nossa família tem a mesma origem, mas uma parte foi para o Caribe e outra para o Sul do Brasil, de onde eu sou”, declarou.
Impacto do erro nas relações internacionais
Apesar de ter um caráter mais leve devido à confusão de nomes, o episódio revela a fragilidade de comunicações diplomáticas nas redes sociais. Além disso, coloca em evidência o clima de tensão entre o Governo Trump e a administração colombiana. A revogação do visto, de fato, foi motivada pela participação de Gustavo Petro em um protesto pró-Palestina em frente à sede da ONU, em Nova York, onde o presidente colombiano defendeu a criação de uma força armada internacional com o objetivo de libertar os palestinos.
Em resposta ao ato do governo americano, o presidente da Colômbia afirmou que o cancelamento do visto viola normas de imunidade diplomática reconhecidas pelas Nações Unidas, e chamou a medida de “ato contra as Nações Unidas e contra a luta pela vida da humanidade”.
Contexto político e tensões bilaterais
Os Estados Unidos mantêm uma relação complexa com a Colômbia, particularmente desde o retorno de Donald Trump à presidência. O país latino-americano é um importante parceiro comercial e aliado no combate ao tráfico de drogas, mas as relações têm sido abaladas por decisões políticas de Petro. Logo no início do novo mandato, o presidente colombiano recusou a aceitação de voos militares com cidadãos deportados, sob a justificativa de que isso os tratava como criminosos. O governo norte-americano respondeu com ameaças de tarifas comerciais e cancelamento de vistos, forçando Petro a recuar.
Além disso, em setembro de 2024, o Governo Trump incluiu a Colômbia em uma lista de países que, segundo Washington, não cumprem acordos internacionais de combate às drogas. A decisão foi interpretada como uma crítica direta à gestão de Petro, que assumiu a presidência em 2022 com promessas de pacificação de regiões afetadas pelo narcotráfico. Apesar de anunciar uma estratégia de intervenção social e militar, os resultados ainda não foram significativos.
Na Assembleia Geral da ONU, realizada poucos dias antes do ocorrido, o presidente da Colômbia já havia criticado a política externa dos Estados Unidos, especialmente em relação ao conflito na Palestina. A tensão diplomática entre Bogotá e Washington, portanto, não é nova, mas o erro de digitação do Departamento de Estado evidenciou, de forma simbólica, o nível de desgaste nas relações bilaterais.
Conclusão
Embora o episódio tenha sido rapidamente corrigido, o Governo Trump expôs fragilidades de comunicação e protocolo ao confundir o jornalista Gustavo Petró com o presidente da Colômbia. O caso, de certa forma cômico, também revela o ambiente de crescente tensão entre os dois países, agravado por divergências políticas e posicionamentos divergentes em fóruns internacionais como a ONU.
