O plano de Trump para Gaza está gerando intensa polêmica no cenário internacional. Um dos principais críticos é o Hamas, que declarou publicamente sua desconfiança em relação ao documento apresentado pela Casa Branca, alegando que o conteúdo ignora os interesses do povo palestino. Segundo um alto dirigente do grupo, a proposta de paz “serve aos interesses de Israel” e não oferece garantias de autodeterminação.
Rejeição do Hamas ao plano de paz
Uma das principais exigências do plano de Trump para Gaza é a desmilitarização da faixa de território, o que inclui o desarmamento do Hamas. No entanto, a organização rejeita essa condição, considerando-a uma ameaça à sua própria existência. Além disso, a proposta prevê a atuação de uma Força Internacional de Estabilização (ISF) em Gaza, a qual o Hamas vê como uma nova forma de ocupação.
Posição de Netanyahu e divergências com os EUA
Apesar de ter endossado a proposta, o primeiro-ministro israelense Benjamin Netanyahu tem demonstrado sinais de resistência a alguns de seus pontos principais. Em um vídeo divulgado, ele afirmou que o Exército israelense continuaria presente em partes de Gaza, contrariando a premissa de retirada total prevista no plano de Trump para Gaza. A declaração de Netanyahu levanta dúvidas sobre a viabilidade de um cessar-fogo duradouro e reforça o ceticismo entre os palestinos.
Além disso, um mapa revelado pela administração norte-americana mostra uma possível zona-tampão ao longo da fronteira entre Gaza e o Egito. A administração de como esse espaço seria gerido ainda é obscura, mas se Israel assumir controle, a medida pode gerar novas tensões.
Divisão de opiniões entre os palestinos
Apesar da resistência de grupos armados como o Hamas, a população de Gaza parece mais receptiva ao plano. Muitos moradores acreditam que ele pode encerrar o conflito prolongado, mesmo reconhecendo as cláusulas consideradas injustas. Um residente de Gaza afirmou à BBC: “O plano americano tem cláusulas ruins, mas eu o apoio porque vai parar a guerra e se livrar do Hamas. Mesmo que o próprio diabo trouxesse uma proposta para acabar com este inferno, eu apoiaria.”
Por outro lado, a rejeição do Hamas pode abrir caminho para a continuidade dos ataques. O jornalista palestino Fathi Sabah advertiu que uma negativa por parte do grupo “significaria dar a Netanyahu carta branca para continuar a guerra com apoio americano e ocidental”.
Contexto de destruição e crise humanitária
Desde o ataque de 7 de outubro de 2023, liderado pelo Hamas, a situação em Gaza se deteriorou drasticamente. O Ministério da Saúde local, controlado pelo Hamas, relata mais de 66 mil mortos devido aos bombardeios israelenses. A destruição de infraestrutura e a falta de alimentos levaram a ONU a confirmar a existência de uma crise de fome. Este mês, uma comissão de inquérito da ONU também acusou Israel de cometer genocídio, uma alegação veementemente negada pelo governo israelense.
Conclusão
O plano de Trump para Gaza é uma tentativa de mediação de alto risco, com implicações geopolíticas de grande alcance. Embora a população local anseie por um fim ao conflito, a resistência de grupos como o Hamas e as divergências entre os principais envolvidos indicam que a implementação do acordo ainda enfrenta grandes obstáculos. A situação permanece volátil, e o mundo assiste com atenção ao desenrolar dos acontecimentos.
- Plano de paz ignora demandas palestinas
- Desarmamento do Hamas é uma exigência central
- Netanyahu contradiz propostas de retirada de Israel
- População de Gaza apoia plano, mesmo com ressalvas
- Crise humanitária agravada pela guerra