O shutdown do governo dos EUA entrou no segundo dia de paralisação, sem sinais de um acordo próximo. O impasse entre republicanos e democratas, centrado no orçamento federal, mantém centenas de milhares de servidores em suspensão e afeta diversos serviços públicos essenciais.
O que é o shutdown do governo?
Um shutdown do governo dos EUA ocorre quando o Congresso não aprova o orçamento necessário para financiar as atividades federais. Sem aprovação, parte dos serviços públicos é interrompida, funcionários não essenciais são afastados, e outros continuam trabalhando sem receber salários. O Congresso tinha até as 23h59 de 30 de setembro para evitar o caos, mas não conseguiu um acordo.
Portanto, o governo entrou oficialmente em paralisação na quarta-feira (1º), provocando uma crise de abrangência nacional. Além disso, a falta de financiamento afeta diretamente a economia, a segurança pública e a vida dos cidadãos.
As causas da paralisação
Além disso, o principal motivo da crise atual é o desacordo em torno do programa de saúde Obamacare, que beneficia milhões de americanos de baixa renda. Os democratas exigem a manutenção dos subsídios, enquanto o presidente Donald Trump e os republicanos desejam adiar a discussão sobre o tema. No Senado, são necessários 60 votos para aprovar o orçamento, e os republicanos, com 53 cadeiras, não têm maioria suficiente.
Em decorrência disso, o impasse segue sem previsão de solução, e líderes do Congresso ainda não marcaram novas sessões de negociação. Segundo informações do site Político, a próxima votação só deve ocorrer no fim de semana. Essa é a terceira paralisação sob a presidência de Trump, a primeira do seu segundo mandato, e os democratas tiveram papel decisivo no impasse.
Impactos do shutdown do governo dos EUA
Enquanto a crise se prolonga, cerca de 750 mil funcionários federais estão em licença, e alguns podem ser demitidos. Escritórios governamentais fecham, e serviços de educação, meio ambiente e cultura são reduzidos. Por outro lado, a agenda de deportações continua em vigor, por ordem da Casa Branca, que determinou cortes permanentes nas agências federais.
Além disso, o shutdown do governo dos EUA afeta diretamente a economia local. A divulgação de dados econômicos importantes, a liberação de empréstimos para pequenas empresas, e até políticas públicas estão em risco de atrasos. Investidores e analistas já começam a reavaliar a estabilidade do país.
Apesar disso, alguns serviços continuam operando, como o Serviço Postal, o pagamento de aposentadorias, a Receita Federal, e os tribunais federais, embora com operações limitadas. Agentes de segurança como o FBI, a Guarda Nacional, e patrulhas de fronteira seguem ativos, garantindo a segurança nacional. No Pentágono, mais da metade dos 742 mil funcionários civis será afastada. Já os 2 milhões de militares americanos permanecem em seus postos.
O que está aberto e o que está fechado
Monumento a Washington
O monumento está fechado até segunda ordem. O Serviço Nacional de Parques, responsável por sua administração, confirmou a suspensão das visitas. Em contrapartida, a Estátua da Liberdade, em Nova York, ainda está aberta, mas sob risco de fechamento, já que a governadora de Nova York, Kathy Hochul, afirmou que não destinará recursos estaduais adicionais para mantê-la funcionando. O local recebeu mais de 3,7 milhões de visitantes em 2024.
Administração Federal de Aviação (FAA)
A FAA informou que 11 mil funcionários serão enviados para casa, enquanto 13 mil controladores de voo continuarão trabalhando sem receber. A entidade já operava com déficit de 3.800 profissionais, o que pode gerar atrasos nos voos domésticos. A indústria aérea já alertou para impactos na programação de passageiros.
Parques Nacionais
Apesar da paralisação, o Serviço Nacional de Parques manterá a maioria dos 400 parques abertos, embora com serviços limitados. A experiência de 2018, durante o shutdown de 35 dias, mostrou que a falta de funcionários pode levar a vandalismo, portões destruídos, e danos ao meio ambiente. Parques como Yellowstone e Yosemite estavam abertos, e podem repetir a situação.
Departamento de Segurança Interna (DHS)
Segundo a secretária de Segurança Interna, Kristi Noem, a maioria dos agentes do DHS continuará atuando. Apenas 14 mil dos 272 mil funcionários foram afastados. A entidade, responsável pelo Serviço de Imigração e Alfândega (ICE), mantém suas operações de imigração, fiscalização e segurança de fronteiras em andamento.
Smithsonian e outros serviços
A Instituição Smithsonian, incluindo museus e o Zoológico Nacional em Washington D.C., anunciou que permanecerá aberta até segunda-feira (6). Porém, outros museus e centros de pesquisa podem fechar, a depender da duração do shutdown. Visitas de chefes de Estado e autoridades estrangeiras estão canceladas, afetando a diplomacia externa.
Repercussão política e popular
Os republicanos de Trump culpam os democratas pela paralisação, alegando que a oposição se recusou a negociar. Os democratas, por sua vez, acusam o presidente de atuar de forma errática, agravando a crise. No entanto, uma pesquisa do The New York Times revela que a opinião pública está dividida. Ainda assim, 26% dos eleitores culpam Trump e os republicanos, 19% os democratas, e 33% responsabilizam ambos os partidos. A maioria dos entrevistados acredita que o partido de oposição não deveria paralisar o governo por não ter suas demandas atendidas.
Portanto, a paralisação política reflete um cenário de polarização extrema, agravado por interesses partidários, agravando a crise de governabilidade e expondo fragilidades institucionais. O shutdown do governo dos EUA é mais do que uma crise de orçamento, é um espelho da instabilidade política na maior democracia do mundo.
