Inteligência Artificial no Ensino Superior: Diretrizes da UFC Despertam Debate

Portaria da UFC sobre Inteligência Artificial no ensino superior gera debate. Confira regras, críticas e necessidade de formação ética. Leia mais!

Portaria da UFC Revoluciona o Debate sobre Uso da IA nas Universidades

Um levantamento realizado entre julho e agosto de 2025 pela Cátedra Oscar Sala da Universidade de São Paulo (USP) revelou que apenas sete instituições de ensino superior no Brasil possuem diretrizes específicas para o uso da inteligência artificial (IA). Pouco tempo após esses resultados, a Universidade Federal do Ceará (UFC) publicou a Portaria nº 39/2025, que estabelece normas rigorosas para a integração da tecnologia nas atividades acadêmicas.

Controvérsias na Regulamentação da IA na UFC

No entanto, as diretrizes da UFC não apenas acenderam o debate, como também foram alvo de críticas por especialistas. Rafael Cardoso Sampaio (UFPR) e Raquel Lobão (UERJ), autores da pesquisa da USP, destacaram que a obrigatoriedade de submeter trabalhos a ferramentas como o Turnitin pode ser prejudicial. Eles ressaltaram que esses sistemas são “notoriamente imprecisos”, gerando falsos positivos e negativos que minam a confiabilidade das avaliações.



Além disso, o Artigo 5º da portaria proíbe a geração de conteúdo original ou análises críticas por meio da IA, o que, para os especialistas, cria uma “zona cinzenta perigosa”. Segundo eles, a ambiguidade entre “exploração inicial de ideias” e “geração de conteúdo original” desestimula docentes e estudantes a utilizarem a tecnologia de forma criativa, prejudicando sua formação prática.

Impacto no Mercado de Trabalho

O uso desinformado ou cauteloso da IA nas universidades pode ter consequências de longo prazo. Estudantes formados sem experiência crítica com a tecnologia perderão competitividade em um mercado cada vez mais voltado para soluções automatizadas. No entanto, como muitos ainda estão se familiarizando com as ferramentas, as diretrizes da UFC podem acentuar essa lacuna.

Em resposta, a UFC argumentou que a portaria visa prevenir abusos, como a perda de autoridade intelectual ou a disseminação de desinformação. A instituição enfatizou que a IA pode ser utilizada como suporte para tarefas como revisão gramatical ou organização de dados, contanto que o uso seja declarado. No entanto, modelos de IA não substituem o raciocínio crítico do pesquisador.



Conclusão: Um Chamado por Formação Ética

Especialistas sugerem que a regulação da IA deve priorizar a educação, não a proibição. Uma abordagem assertiva incluiria workshops, diretrizes claras e incentivo à transparência. A inteligência artificial já está integrada em diversas áreas profissionais, e as universidades devem preparar seus alunos para dominá-la com ética e eficiência.

Enquanto debates como o da UFC se intensificam, uma coisa é certa: o futuro do ensino superior depende da adaptação às inovações tecnológicas — e da capacidade de equilibrar inovação com responsabilidade.