O Sharenting: Um Desafio Contemporâneo
O fenômeno do Sharenting, ou seja, a prática de compartilhar fotos e informações sobre os filhos nas redes sociais, tornou-se uma questão cada vez mais relevante no mundo digital contemporâneo. Embora a intenção muitas vezes seja positiva, buscando compartilhar momentos de vida e celebrar a chegada de um novo membro da família, a excessiva exposição pode gerar sérios problemas legais e comportamentais.
No recente julgamento do TJAC, um casal foi condenado por superexposição de seu filho nas redes sociais, um caso emblemático que reflete o agravamento da problemática do Sharenting no Brasil e em todo o mundo. Especialistas alertam que essa prática, se não for conduzida com responsabilidade, pode prejudicar gravemente o desenvolvimento saudável dos menores de idade.
Entendendo o Sharenting
Sharenting é mais do que simplesmente postar fotos de férias ou aniversários. Trata-se de um comportamento que envolve a divulgação contínua e detalhada da vida privada de crianças na internet. Embora os pais possam justificar essa atitude como forma de socialização ou recordação familiar, é importante reconhecer os riscos envolvidos.
Os dados pessoais expostos podem ser explorados por terceiros com intenções menos nobres. Além disso, o conteúdo publicado pode perdurar indefinidamente na internet, criando um arquiva digital permanente que os próprios filhos podem não querer manter no futuro.
Consequências do Sharenting Excessivo
A exposição excessiva de crianças nas redes sociais tem implicações multifacetadas:
- Proteção inadequada: Reduz a privacidade dos menores, deixando-os vulneráveis a diversos tipos de exploração.
- Consequências legais: Casos como o recentemente julgado pelo TJAC demonstram como tribunais estão tratando essa questão com a gravidade que merece.
- Impacto psicológico: A constante exposição pode afetar a estabilidade emocional e o desenvolvimento saudável da personalidade infantil.
- Violação de direitos: Pode constituir violação de direitos fundamentais previstos na legislação brasileira.
No entanto, não se trata de uma questão meramente técnica ou de moderação de conteúdo. O Sharenting envolve decisões parentais que exigem uma reflexão cuidadosa sobre o equilíbrio entre a necessidade social de compartilhar e a proteção intransigível da infância.
Educar para o Sharenting Responsável
Diante desse cenário complexo, cabe aos pais assumir o protagonismo necessário:
Primeiramente, educar-se sobre os riscos do compartilhamento online é essencial. Ninguém deve postar indiscriminadamente antes mesmo de ter compreendido as implicações desse tipo de conteúdo.
Além disso, os pais devem educar os filhos sobre privacidade digital desde a infância. É importante que as crianças aprendam a questionar o que pode ou não ser compartilhado online.
No mais profundo de suas consequências, o Sharenting irresponsável pode violar o direito à imagem e à privacidade, além de potencialmente influenciar negativamente o desenvolvimento psicológico infantil e a formação de sua identidade pessoal.
Práticas Recomendadas
Para evitar os riscos do Sharenting, sugerimos:
- Limitar o compartilhamento: Publicar apenas o essencial, evitando detalhes excessivos sobre rotina, localização ou estado emocional dos filhos.
- Utilizar ferramentas de controle: Configurar privacidade nas redes sociais para restrição adequada de acesso ao conteúdo infantil.
- Estabelecer regras familiares: Criar diretrizes claras sobre o que é aceitável compartilhar e quem pode autorizar o post.
- Criar conteúdo com cuidado: Perguntar-se antes de clicar em postar, se o conteúdo manterá a privacidade da criança no futuro.
No final da jornada digital contemporânea, a responsabilidade recai unicamente nos pais. Decisões sobre a exposição digital de menores de idade exigem consideração cuidadosa, respeito pela privacidade e, fundamentalmente, conhecimento sobre as potenciais consequências de cada post compartilhado.