Reconhecimento do Estado Palestino: Reino Unido e França Avançam em Direção à Assembleia Geral da ONU

Análise autoritária sobre o reconhecimento do Estado Palestino pelos Reinos Unido e França. Explore as condições impostas, a crise em Gaza e o contexto geopolítico atual.

Reconhecimento do Estado Palestino: Novos Indicadores na Crise Palestina

O panorama geopolítico do Oriente Médio está a mudar rapidamente. Recentemente, tanto o Reino Unido quanto a França deram sinais claros de que pretendem reconhecer o Estado Palestino durante a Assembleia Geral das Nações Unidas em setembro. Este é um desenvolvimento crucial que merece uma análise detalhada e autoritária.

O Movimento Iniciado pelo Reino Unido



Em comunicado oficial, o gabinete do primeiro-ministro britânico, Keir Starmer, confirmou que o Reino Unido avançará com o reconhecimento da entidade palestina, a menos que Israel assuma compromissos específicos. É importante notar que essas condições representam um desafio significativo, já que são rejeitadas pelo governo israelense.

Estas condições, de acordo com o governo britânico, incluem:

  • Medidas imediatas para pôr fim à situação humanitária deplorável em Gaza, que enfrenta o pior cenário de fome segundo as Nações Unidas
  • Uma negociação séria com o Hamas para alcançar um cessar-fogo
  • Compromissos claros de não anexar a Cisjordânia
  • Uma adesão a um processo de longo prazo que leve à solução dos dois estados

Israel já deixou claro que não concorda com a solução dos dois estados nem com a não anexação da Cisjordânia. Na Casa Branca, em julho, o presidente estadunidense Benjamin Netanyahu declarou que qualquer estado palestino independente seria uma ‘plataforma para destruir Israel’. Recentemente, o Parlamento israelense aprovou uma moção a favor da aplicação da soberania israelense sobre a Cisjordânia, reforçando sua posição.



Os israelenses reagiram rapidamente ao anúncio britânico, classificando o reconhecimento da Palestina pelo Reino Unido como uma ‘recompensa’ ao grupo terrorista Hamas, uma avaliação que reflete a perspectiva dominante em Telaviv.

A França Se Alinha ao Reino Unido

Há menos de uma semana, o presidente francês Emmanuel Macron anunciou que seu país também reconhecerá o Estado Palestino em setembro, durante a Assembleia Geral. Esta posição faz da França a primeira grande potência ocidental a dar este passo, já que mais de 140 países já reconhecem oficialmente o Estado Palestino, incluindo o Brasil.

Em comunicado solene, Macron afirmou: ‘Estamos determinados a proteger a viabilidade da solução de dois Estados e, por isso, reconheceremos o Estado da Palestina em setembro, na Assembleia Geral da ONU, a menos que o governo israelense tome medidas concretas para encerrar a terrível situação em Gaza…’ Esta declaração é significativa pela sua autoridade e pelo contexto histórico da França como um dos principais interlocutores no Oriente Médio.

Apesar dos esforços franco-britânicos, os Estados Unidos, o principal aliado de Israel, manifestaram sérias reservas. O Presidente Donald Trump considerou o reconhecimento da Palestina ‘inútil’, enquanto o Secretário de Estado, Marco Rubio, chamou Emmanuel Macron de ‘irresponsável’. Em junho, Washington enviou um telegrama diplomático expressando oposição a qualquer iniciativa que reconheça unilateralmente um Estado palestino.

O Contexto Humano: A Fome Extrema em Gaza

Este movimento diplomático surge em um contexto de grave crise humanitária em Gaza. Desde o início do conflito em outubro de 2023, mais de 60 mil palestinos, a maioria crianças e mulheres, perderam a vida, conforme dados do Ministério da Saúde de Gaza, controlado pelo Hamas, e corroborados pela ONU.

Atualmente, Gaza enfrenta o pior cenário possível de fome, com a Organização das Nações Unidas alertando sobre a situação crítica. A ajuda humanitária continua sendo impedada de chegar livremente à população, exacerbando uma crise humanitária sem precedentes. O reconhecimento do Estado Palestino por parte de grandes potências ocorre enquanto a fome avança entre os palestinos, matando mais do que as balas ou explosivos.

Apesar das declarações de intenção de Paris e Londres, é crucial lembrar que as exigências impostas a Israel permanecem incólumes. O governo britânico e a França continuam a exigir que Israel pare o apoio ao Hamas, permita a libertação dos reféns, e concorde com um cessar-fogo duradouro. Essas condições não são meras formalidades políticas, mas representam os principais obstáculos para uma solução pacífica.

Uma Nova Fase no Processo de Reconhecimento

O fato de que dois dos maiores países ocidentais e ex-colônias britânicas da região estejam agora liderando este movimento marca uma mudança significativa na geopolítica do Oriente Médio. Esta não é apenas uma questão de diplomacia; é uma reafirmação da evolução das narrativas internacionais sobre o conflito palestino-israelense.

Anteriormente, o movimento de reconhecimento havia sido liderado por nações menores como Espanha, Noruega e Irlanda. Agora, a liderança passa para França e Reino Unido. Esta mudança pode influenciar outros países, especialmente na Europa, onde as comunidades judaica e muçulmana são as maiores da Europa.

Os próximos meses serão cruciais. O caminho para a Assembleia Geral em setembro não será fácil. O governo israelense parece determinado a resistir a quaisquer mudanças na configuração do conflito. Por outro lado, os movimentos de Paris e Londres demonstram uma crescente determinação entre partes importantes da comunidade internacional.

O cenário atual exige uma análise cuidadosa e um engajamento diplomático robusto. O reconhecimento do Estado Palestino por parte de grandes potências não é um fim em si mesmo, mas apenas uma etapa em um longo e complexo processo que requer soluções sustentáveis e compromissos sérios de ambas as partes.

As consequências deste desenvolvimento para a região e para a política internacional ainda estão por serem vistas, mas é evidente que estamos diante de um momento significativo na história do conflito palestino-israelense.