No dia 1º de agosto de 2025, o enviado especial de Donald Trump para o Oriente Médio, Steve Witkoff, realizou uma visita a um centro de distribuição de alimentos na Faixa de Gaza. Esta visita ocorre no contexto de crescentes críticas ao governo israelense pela situação humanitária deplorável no território, marcada pela fome generalizada. Antes desta visita, o presidente americano já havia declarado que Há fome de verdade em Gaza.
Um Sisteminha Fraturado
O governo dos Estados Unidos, ao contrário do que sugere a intervenção humanitária discutida por Witkoff, está implementando um sistema de distribuição de ajuda que incomoda profundamente os palestinos. Segundo relatos da Reuters, a comida é fornecida de forma exclusiva por uma empresa americana controversa, operando sob coordenação israelense. Esta realidade é sentida no chão por quem vive ali.
Os palestinos que conversaram com a agência de notícias expressaram claramente suas insatisfações. É um mecanismo restrito, afirmam, um verdadeiro sufoco para chegar a um pão. O tom é de desespero e resignação.
Mensagens Diretas ao Enviado Especial
A palestina Ibtisam Shahin deixou claro o que querem: Parem com a ajuda americana. Ela e outros habitantes de Gaza enviaram mensagens diretas a Witkoff, solicitando claramente:
- O fim do atual sistema de distribuição controlado por interesses externos e israelenses
- A retomada das funções da ONU e da UNRWA como principais agentes humanitários
- E uma saída da crise humanitária que afeta a região
Em um depoimento que ecoa nas veementes reclamações, Mohammad Diab descreveu a experiência como humilhante:
Os palestinos não querem necessariamente menos ajuda, mas querem que essa ajuda chegue sem sofrimento adicional. A cada passo, a cada tentativa de obter um quilo de farinha, existe o risco de vida. Levam tiros apenas por um pedaço de pão. Isso não é vida.
Visão de Crise
Além da visita pública, Witkoff se reuniu na véspera com o primeiro-ministro israelense Benjamin Netanyahu. O objetivo declarado era tentar salvar as negociações por uma trégua no conflito e enfrentar a emergência humanitária de Gaza. Um monitor global de segurança alimentar já alertou que a fome está se instalando no enclave, situação que reflete a dureza da realidade vivida por centenas de milhares de pessoas.
É importante contextualizar o ambiente: a campanha militar israelense em Gaza já resultou na morte de mais de 60 mil palestinos, destruiu a infraestrutura e causou uma crise de fome sem precedentes.
- O início do conflito: Após o ataque suicida do Hamas em 7 de outubro de 2023, que matou cerca de 1.200 israelenses e fez prisioneiros
- A escalada: Operações militares israelenses intensivas, bombardeios, obstrução do acesso humanitário
- O colapso sistêmico: Destruição de infraestrutura, escassez de água e comida, colapso dos sistemas de saúde
O que se vê na prática é uma população que, mesmo durante os esforços de socorro, enfrenta constantemente violência, falta de dignidade e expectativa de vida análoga à de uma guerra.
Da Luta ao Estômago
O esforço humanitário, supervisionado em parte por americanos e israelenses, não consegue atender às necessidades básicas dos moradores de Gaza. As imagens divulgadas pela Reuters mostram multidões imensas, pessoas carregando sacolas com as minúsculas remessas de alimento, demonstrando a futilidade da situação.
Os palestinos não pedem apenas mais ajuda, mas uma reformulação radical das operações de assistência. Eles querem:
- Dignidade no acesso aos recursos vitais
- Autonomia na gestão da ajuda
- Transparência nas operações
- E sobretudo, manutenção do acesso humanitário sem restrições
O que escuta quem presta atenção é um chamado à reconsideração das prioridades na intervenção internacional. A crise humanitária em Gaza não é simplesmente um problema logístico, mas um reflexo da complexidade e gravidade do conflito.
