DADOS ECONÔMICOS e a liderança do Departamento de Estatísticas do Trabalho
No último domingo, os principais assessores econômicos da Casa Branca defenderam veementemente a demissão de Erika McEntarfer, a chefe do Departamento de Estatísticas do Trabalho dos Estados Unidos (BLS). Esta decisão, anunciada por Donald Trump, ocorre em meio a crescentes preocupações sobre a confiabilidade dos dados econômicos oficiais.
Posições defendidas pela equipe econômica de Trump
Kevin Hassett, diretor do Conselho Econômico Nacional, afirmou publicamente que o presidente está certo em pedir uma nova liderança ao BLS. A principal justificativa apresentada pelos defensores de Trump refere-se ao relatório de emprego divulgado na sexta-feira, que mostrou uma criação de vagas significativamente inferior às expectativas e revisou para baixo os dados do mês anterior.
Jamieson Greer, representante comercial dos EUA, concordou com as preocupações do presidente, declarando que existem “preocupações reais” sobre a precisão dos dados econômicos divulgados pelo departamento. Segundo Hassett, a revisão de 258 mil vagas de trabalho exigiu uma nova abordagem na liderança do BLS.
Acusações de Trump e reações ao BLS
Trump acusou McEntarfer, em declarações públicas, de falsificar os números de empregos. No entanto, a agência responsável, o BLS, não forneceu nenhuma explicação específica para as revisões nos dados. Pelo contrário, a instituição mencionou que “as revisões mensais resultam de relatórios adicionais recebidos e do recálculo de fatores sazonais”. Esta resposta oficiais dificultou a validação das acusações apresentadas pelo presidente.
Os assessores econômicos do governo argumentam que a situação atual no BLS requer mudanças significativas, sugerindo a necessidade de um “novo olhar” na instituição. Hassett, em entrevista à Fox News, enfatizou a importância de implementar reformas que resolvam as questões apontadas.
Críticas à decisão de Trump
O mérito ou não das críticas feitas pelos assessores econômicos de Trump sobre a diretora do BLS foi debatido por especialistas e figuras políticas. Ex-comissionados do departamento estatístico norte-americano, como William Beach, defenderam veementemente a integridade do processo de revisão dos dados, rejeitando a ideia de manipulação.
Beach, em entrevista à CNN, lembrou que a revisão anual de dados é uma prática rotineira e que, durante o primeiro mandato de Trump, havia havido uma correção substancial de 500 mil vagas de trabalho. Segundo ele, “empresas são criadas ou fecham, e isso só pode ser totalmente verificado com o tempo”.
Em posição contrária, o ex-secretário do Tesouro Larry Summers, no programa ‘This Week’, da ABC, classificou a ação de Trump como “absurda”. “Esses números são elaborados por equipes de centenas de pessoas, seguindo procedimentos detalhados”, ressaltou. O líder da minoria no Senado, Chuck Schumer, comparou a demissão à expressão máxima da falta de liderança: “Atire no mensageiro” quando se recebe má notícia.
Impactos mais amplos
A demissão de McEntarfer não ocorre isolada. Ela coincide com uma onda de turbulência econômica e com a última rodada de tarifas impostas pelos EUA. Poucas horas antes, Trump assinou ordens executivas que impõem taxas sobre importações de diversos países, incluindo Canadá, Brasil, Índia e Taiwan. Esta combinação de eventos tem gerado preocupações entre analistas financeiros sobre a estabilidade dos mercados globais.
Greer e Hassett indicaram que a maior parte dessas tarifas provavelmente permanecerá em vigor, mesmo após negociações. A Índia, por exemplo, rejeitou ameaças de penalidades adicionais caso continue importando petróleo russo, enquanto Trump impôs uma nova tarifa de 25% sobre produtos indianos.
Em conclusão, a decisão de remover a liderança do BLS reflete a postura do governo Trump em relação aos dados estatísticos. No entanto, a opinião pública e a comunidade política estão divididas sobre a necessidade e a justificativa para este movimento. A confiabilidade dos dados econômicos oficiais permanece um ponto de discussão relevante para a tomada de decisões governamentais e do setor privado.