O Desafio ao Status Quo em Jerusalém Oriental
No dia 3 de agosto de 2025, o ministro da Segurança Nacional de Israel, Itamar Ben Gvir, provocou uma intensa crise internacional ao visitar a Esplanada das Mesquitas em Jerusalém Oriental e declarar publicamente ter realizado uma oração no local. Esta ação desafia frontalmente as regras estabelecidas que regem um dos santuários mais sensíveis do mundo, o complexo da Mesquita de Al-Aqsa.
A visita ocorreu sob a égide de um governo de Benjamin Netanyahu, que já enfrentava severas críticas pela situação dos civis palestinos na Faixa de Gaza. O ato de Ben Gvir não apenas gerou protestos regionais, mas ameaçou os esforços para alcançar um cessar-fogo na região.
Uma Provocação com Implicações Globais
A Esplanada das Mesquitas, também conhecida como Monte do Templo, é o local mais sagrado tanto para o judaísmo quanto para o islamismo. Localizado em Jerusalém Oriental, o complexo foi construído sobre as ruínas de dois templos antigos judeus e atualmente abriga a Mesquita de Al-Aqsa. Desde a ocupação israelense de 1967, um acordo histórico entre Israel e a Jordânia, firmado em 1994, estabelece normas rigorosas de acesso.
O acordo prevê visitas de não-muçulmanos, mas proíbe explicitamente orações e rituais religiosos judaicos no local. Ben Gvir não apenas violou estas regras, mas fez-o de forma ostensiva, recitando uma oaração pública e simbolizando uma ameaça direta ao status quo estabelecido.
Declarações Políticas Controversas
Durante sua visita, o ministro extremista não se limitou a desafiar os limites religiosos. Ele também fez declarações polêmicas sobre a Faixa de Gaza, sugerindo que Israel deve conquistar integralmente a região e promover a emigração voluntária de seus habitantes. Esta posição é particularmente delicada considerando os recentes vídeos divulgados que mostram a pobreza extrema e o sofrimento de detidos israelenses na região.
Reações Internacionais e Consequências
A ação de Ben Gvir gerou condenações veementes de diversos países e entidades. A Turquia, por exemplo, descreveu a invasão como uma escalada perigosa e reforçou seu compromisso com a segurança da Mesquita de Al-Aqsa. A Jordânia e a Arábia Saudita também expressaram preocupações significativas.
A Autoridade Palestina caracterizou o episódio como uma escalada perigosa, enquanto o Ministério das Relações Exteriores da Turquia enfatizou a importância coletiva de proteger este patrimônio sagrado para a humanidade.
É importante notar que Ben Gvir já havia gerado uma crise anterior em 2023 ao visitar a esplanada, embora em ocasião anterior não tivesse feito orações públicas. Esta visita, no entanto, foi a primeira vez que um ministro israelense recitou uma oaração no local.
Contexto Histórico e o Status Quo
O complexo da Mesquita de Al-Aqsa representa o ponto mais alto da controvérsia em Jerusalém Oriental. Conhecido como o terceiro lugar sagrado do islamismo e o mais sagrado do judaísmo, o local combina simbologia religiosa de ambas as tradições.
Após a conquista israelense de 1967, um acordo foi celebrado com a Jordânia, que permanece como guardiã espiritual do local. Este entendimento, conhecido como ‘status quo’, previne práticas religiosas não-muçulmanas no complexo. Embora Ben Gvir seja apenas mais um exemplo de violação, sua posição representa uma ameaça significativa a este equilíbrio delicado.
A Tragédia de Tisha B’Av
A escolha do Ben Gvir para realizar sua visita foi particularmente simbólica, ocorrendo no dia 3 de agosto. No calendário hebraico, esta data marca a Tisha B’Av, um período de jejum de luto que comemora a destruição dos dois templos antigos judeus que se encontravam no local antes da construção da Mesquita de Al-Aqsa.
Esta coincidência histórica adiciona uma camada de significado complexo à crise, conectando os antigos sofrimentos judaicos com as recentes tensões na região. A data serve como um lembrete doloroso da história e um símbolo potencial de nova ameaça.