O Novo Realidade Comercial
O cenário comercial dos Estados Unidos está se transformando de forma definitiva. O atual tarifaço implementado pelo governo Trump não parece ser uma medida passageira. Segundo recente análise do Centro de Geopolítica do JPMorgan Chase, a tarifa efetiva sobre as importações americanas está se estabilizando em torno de 22%, e as taxas nos setores considerados vitais à segurança nacional serão improváveis de serem suspensas.
Já é uma certeza que o tarifaço foi declarado guerra ao comércio global. O relatório da instituição financeira evidencia que todos os partidos reconhecem a importância estratégica dessas medidas para reforçar a base industrial norte-americana em áreas sensíveis, como semicondutores e setor de defesa.
No entanto, o mais significativo é que a perspectiva de retorno a um cenário de tarifas mais baixas, típico da era anterior a Trump, está longe de ser uma possibilidade realista.
Uma Análise Detalhada
O JPMorgan Chase Institute reforça que, embora o otimismo do mercado parte do princípio de que o tarifaço é apenas uma ferramenta de barganha política passageira, a realidade analisada sugere um cenário comercial mais complexo e duradouro.
A persistência das taxas: É importante compreender que mesmo após o término do mandato do atual presidente, a estrutura tarifária permanecerá em vigor. O relatório é claro ao afirmar: “Mesmo que o próximo presidente dos EUA apoie uma abordagem pré-2017 para a política comercial, ele enfrentará uma série de desafios para desfazer a estrutura tarifária do governo Trump.” Esta é uma perspectiva que prevê uma mudança de política comercial que vai além da administração atual.
Impacto econômico: As consequências financeiras são significativas. O estudo do JPMorgan prevê que a implementação de tarifas universais completas poderia adicionar até US$ 187,7 bilhões em custos diretos de importação para empresas de médio porte, representando mais de seis vezes o custo das tarifas anteriores vigentes no início de 2025.
Mudança de comportamento empresarial: Com o passar do tempo, as empresas têm se adaptado. A recalibragem dos investimentos para minimizar os impactos do tarifaço americano tornou cada vez mais improvável que os padrões comerciais voltem ao que vigorava antes de abril de 2022.
As Taxas de 50% contra o Brasil
O tarifaço brasileño é outro capítulo relevante nesse cenário. A partir desta quarta-feira (6), entraram em vigor taxas de 50% sobre diversos produtos brasileiros, tornando o acesso do Brasil ao mercado americano a uma das tarifas mais altas do mundo.
O decreto assinado em abril, elevando a taxa total para 50%, foi justificado pela Casa Branca como resposta a ações do governo brasileiro consideradas uma “ameaça incomum e extraordinária à segurança nacional, à política externa e à economia dos EUA.” Alegações que envolvem graves abusos de direitos humanos e enfraquecimento do Estado de Direito, especificamente mencionando alegações de perseguição política contra o ex-presidente Jair Bolsonaro e seus apoiadores.
O impacto sobre as empresas brasileiras, especialmente os micro e pequenos empreendedores (representando 40% das empresas exportadoras), que já enfrentam dificuldades em absorver os custos adicionais, será profundo.
- Impacto mais severo nos MEs e EPPs
- Pedidos de exportação suspensos
- Negociações comerciais travadas
- Desafios na manutenção de clientes
Conclusão
O que torna o cenário atual ainda mais complexo é que o tarifaço parece estar caminhando para se estabelecer como uma nova normalidade. A combinação de fatores políticos, econômicos e de adaptação das empresas sugere que os altos impostos sobre importações nos Estados Unidos podem perdurar significativamente além da era Trump.
A perspectiva de retorno a um sistema comercial anterior parece cada vez mais remota. Não há sinais claros de que o governo americano esteja pronto para abandonar essa política agressiva, e os custos associados já estão se incorporando ao novo modelo econômico norte-americano.
