Censo dos EUA: Ordem de Trump para Exclusão de Imigrantes Ilegais

Decisão de Trump sobre o Censo dos EUA: Exclusão de Imigrantes Ilegais

Em medida que busca reforçar sua agenda migratória, o presidente Donald Trump deu nova diretriz ao governo americano, ordenando a implementação de um novo censo que desconsiderará expressamente imigrantes no país em situação irregular. Esta ordem representa uma mudança significativa na abordagem tradicional do Censo dos EUA, ferramenta crucial para a distribuição de poder político e recursos no país.

Execução da Ordem Presidencial

Nesta quinta-feira, Trump instruiu publicamente seu Departamento de Comércio a iniciar imediatamente os trabalhos sobre um novo censo altamente preciso, baseado em dados atualizados e utilizando informações obtidas das eleições presidenciais de 2024. Segundo declaração publicada em sua plataforma Truth Social, o chefe do Executivo enfatizou:

“As pessoas que se encontram ilegalmente em nosso país NÃO SERÃO CONTADAS NO CENSO”

Esta é a primeira vez desde 2017 que Trump tenta modificar substancialmente o processo do censo americano, que ocorre a cada década e é considerado o mais detalhado e confiável do mundo para fins governamentais.

Funções do Censo nos Estados Unidos

O Censo dos EUA é uma ferramenta essencial para o funcionamento da democracia americana, servindo como base para:

  • Distribuição das cadeiras no Congresso entre os estados
  • Definição do desenho dos distritos eleitorais
  • Alocação de fundos federais para programas sociais
  • Eleição do Colégio Eleitoral

Historicamente, o censo inclui todos os residentes permanentes nos Estados Unidos, independentemente de seu status migratório. Esta política foi estabelecida pela Constituição americana e mantida por décadas, considerada fundamental para garantir representação equitativa.

Antecedentes e Implicações Políticas

Esta não é a primeira tentativa de Trump de alterar o censo. Durante seu primeiro mandato (2017-2021), ele propôs incluir uma questão sobre cidadania no censo de 2020, mas o plano foi barrado pela Suprema Corte por ameaçar violar os direitos constitucionais. Agora, três anos depois, o republicano retorna a este tema, demonstrando plena consciência de que uma mudança na contagem oficial poderia ter impactos profundos na estrutura política do país.

Em um contexto de desaceleração demográfica nos Estados Unidos, dados do Pew Research Center indicam que a eliminação dos imigrantes irregulares do censo teria afetado significativamente a representação de estados como a Califórnia, gerando preocupações com desequilíbrios políticos.

Consequências na Sfera Política

O anúncio coincidiu com intensa atividade política em estados-chave como Texas, onde partidos políticos buscam redesenhar mapas eleitorais para obter vantagens. O chamado “gerrymandering” — prática de desenhar distritos para favorecer um partido político — recebeu apoio silencioso do presidente republicano.

O Texas, que atualmente conta com cerca de 3.1 milhões de imigrantes, tornou-se um foco central desta disputa. Dezenas de congressistas democratas do estado abandonaram suas funções após ameaças de prisão por parte de republicanos locais. O senador John Cornyn, aliado de Trump, até sugeriu que o FBI deveria participar de operações para localizar esses legisladores.

Demografia dos Imigrantes nos EUA

De acordo com o Instituto de Políticas Migratórias (MPI), a população imigra é responsável por um terço do crescimento demográfico nos Estados Unidos atualmente. Em 2023, 47,8 milhões de migrantes viviam nos Estados Unidos, sendo que cerca de 75% destes “estavam no país legalmente como cidadãos naturalizados, residentes permanentes legais ou com vistos temporários”.

Entre 2022 e 2023, a população imigra aumentou em 1,6 milhão de pessoas, muitas oriundas de países latinos. Esta tendência demográfica representa tanto um desafio quanto uma oportunidade política significativa para o sistema representativo americano.

O Futuro do Censo Americano

O que torna esta decisão de Trump ainda mais impactante é que o censo oficial nos Estados Unidos ocorre a cada década, com o próximo previsto para 2030. Não está claro se o presidente republicano busca adiantar este importante levantamento nacional ou modificar apenas os métodos de coleta de dados para o censo regular.

No entanto, independentemente da abordagem técnica utilizada, a decisão política de desconsiderar imigrantes ilegais representa um princípio fundamentalmente novo na história do recenseamento americano. Este movimento reforça a tendência conservadora de restringir a participação política de grupos não-citados na vida política estadunidense.

Os próximos anos serão cruciais para observar como esta ordem será implementada e quais serão suas consequências mais amplas para o sistema político americano. A pauta migratória continua sendo um dos principais vetores de divisão política nos Estados Unidos, com esta ordem de Trump certamente ampliando as tensões em um cenário nacional já profundamente fragmentado ideologicamente.

O que parece claro é que este não será apenas um decreto administrativo qualquer — trata-se de uma tentativa de redefinir permanentemente o conceito de “residente” nos Estados Unidos, com potenciais consequências que se estenderiam por décadas.

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