Acordo UE-Mercosul: impactos, apoios e resistências em jogo

Entenda os impactos do acordo UE-Mercosul, os países que apoiam e aqueles que se opõem ao tratado comercial entre os blocos.

Após mais de duas décadas de negociações, a Comissão Europeia apresentou oficialmente o acordo de livre comércio entre a União Europeia e o Mercosul. Este marco comercial agora aguarda análise tanto do Parlamento Europeu quanto dos países integrantes do bloco sul-americano.

O que é necessário para sua aprovação?

Para que o acordo UE-Mercosul entre em vigor, ele precisa ser aprovado dentro da União Europeia. Isso significa que deve passar por uma votação no Parlamento Europeu e obter o apoio de uma maioria qualificada: ao menos 15 dos 27 países-membros, representando 65% da população do bloco. No entanto, o texto tem gerado divergências significativas entre os Estados europeus.



Países a favor do acordo

A Comissão Europeia, juntamente com nações como Alemanha e Espanha, defendem o tratado como uma estratégia para compensar perdas comerciais provocadas pelas tarifas impostas pelo presidente dos Estados Unidos, Donald Trump. Desde sua reeleição em novembro do ano passado, a UE intensificou esforços para diversificar suas parcerias comerciais, acelerando negociações com Índia, Indonésia e Emirados Árabes Unidos.

Para os defensores, o Mercosul representa um mercado promissor para exportações europeias de carros, máquinas e produtos químicos. Além disso, o bloco sul-americano é visto como uma fonte confiável de minerais estratégicos para a transição energética, como o lítio, atualmente dominado pela China.

Além disso, o setor agrícola europeu se beneficiaria com tarifas reduzidas e maior acesso ao mercado sul-americano para produtos como queijos, presuntos e vinhos. Por fim, o acordo também é encarado como uma maneira de reduzir a dependência da China em insumos estratégicos.



Países contrários ao acordo

A França, um dos maiores produtores agrícolas da União Europeia, lidera a oposição ao acordo UE-Mercosul. O país teme perder competitividade frente aos exportadores sul-americanos de grãos e carnes. A Polônia também declarou posição contrária ao tratado.

Agricultores europeus já realizaram diversos protestos contra o acordo, alegando que ele facilitaria a entrada de produtos sul-americanos baratos que não seguem os mesmos padrões ambientais e de segurança alimentar exigidos pela UE. A Comissão Europeia, no entanto, afirma que essas preocupações são infundadas.

Organizações ambientalistas, como a Friends of the Earth, também rejeitam o tratado e o rotulam como um “destruidor do clima“. Esses grupos trabalham ativamente para barrar o texto no Parlamento Europeu, onde partidos como os Verdes e a extrema direita se posicionam contra o acordo.

Caso países como Polônia e Itália se unam à França na rejeição, será difícil alcançar a maioria qualificada necessária para aprovação do texto.

Resistências dentro do Mercosul

Mesmo dentro do próprio Mercosul, o acordo gera controvérsias. Embora apresente benefícios potenciais, especialistas alertam que a concorrência com produtos europeus pode afetar negativamente setores estratégicos da economia sul-americana.

Conclusão

O acordo UE-Mercosul representa uma oportunidade de expansão comercial para ambos os blocos, mas também traz desafios e riscos. Enquanto alguns países enxergam nele uma chance de reduzir a dependência de outras potências econômicas, outros temem perdas no setor agrícola e impactos ambientais. A decisão final dependerá do equilíbrio entre esses interesses conflitantes.