O presidente da Venezuela, Nicolás Maduro, anunciou oficialmente a antecipação do Natal na Venezuela para o dia 1º de outubro. Esta medida marca o segundo ano consecutivo em que o governo venezuelano adota essa estratégia inusitada, que gera debate tanto no cenário interno quanto internacional.
Decisão do governo venezuelano
Maduro revelou a decisão durante seu tradicional programa na emissora estatal VTV, que abriu com uma música natalina. O presidente justificou a antecipação como uma forma de promover “alegria, comércio, atividade, cultura, canções natalinas e gaitas”. Além disso, declarou que os venezuelanos “estão constantemente em busca de felicidade”, e que essa é uma maneira de “defender o direito à felicidade, à vida e à alegria”.
No entanto, especialistas afirmam que a antecipação do Natal na Venezuela pode ter motivações políticas. Em 2024, por exemplo, a medida ocorreu simultaneamente à prisão de opositores que contestavam o resultado das eleições presidenciais. Portanto, muitos analistas veem essa iniciativa como uma tentativa de distração da população diante de um cenário de crescente tensão política e social.
Histórico das antecipações
- 2013: Primeiro ano de governo de Maduro, quando o feriado foi antecipado.
- 2020: Antecipação durante a pandemia de COVID-19.
- 2024: Comemorações iniciadas em 1º de outubro, em meio a repressão política.
- 2025: Nova antecipação confirmada, intensificando o debate sobre suas reais intenções.
Tensões entre EUA e Venezuela
A decisão ocorre em um momento delicado das relações internacionais. Os Estados Unidos aumentaram significativamente sua presença militar na região, com oito navios da Marinha posicionados próximo à Venezuela. Sete deles estão no Caribe e um no Oceano Pacífico. Segundo autoridades norte-americanas, a operação visa combater o narcoterrorismo. No entanto, analistas questionam se essa força militar é proporcional a uma simples ação antidrogas.
O governo americano considera Maduro um líder do suposto Cartel de los Soles, classificado como organização terrorista. Além disso, os EUA oferecem uma recompensa de US$ 50 milhões por informações que levem à captura do presidente venezuelano. O presidente Donald Trump já pediu um “menu de opções” sobre a Venezuela, o que indica que medidas mais drásticas, como uma intervenção militar, não estão descartadas.
Reação de Caracas
Diante disso, o governo venezuelano classificou a movimentação militar dos EUA como uma ameaça. Maduro convocou militares e milicianos para reforçar a segurança nacional e prevenir possíveis ataques. O doutor em Ciência Política Maurício Santoro, colaborador do Centro de Estudos Político-Estratégicos da Marinha do Brasil, avalia que, embora uma invasão terrestre ainda seja improvável, um bombardeio pode ser uma possibilidade real.
“É uma situação muito semelhante à do Irã, meses atrás. O volume de recursos militares que os Estados Unidos transferiram para o Oriente Médio naquela ocasião, e agora para o Caribe, são indicações de que eles estão falando sério”, afirma Santoro. “Não é simplesmente um blefe. Há preparação para algum tipo de intervenção militar”.
Conclusão
A antecipação do Natal na Venezuela para 1º de outubro reflete um contexto complexo de tensões internas e externas. Embora o governo apresente a medida como uma forma de celebrar a cultura e a felicidade do povo, especialistas e observadores internacionais enxergam nela uma estratégia política para desviar a atenção da população em um momento crítico. Enquanto isso, a crescente presença militar dos EUA na região aumenta a preocupação com a possibilidade de uma intervenção estrangeira.