Antifa: Entenda por que Trump a classificou como organização terrorista

Entenda a polêmica decisão de Trump de classificar o Antifa como organização terrorista doméstica, suas justificativas e o impacto político nos EUA.

Na manhã de 22 de setembro, o presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, assinou uma ordem executiva que classifica o movimento Antifa como uma organização terrorista doméstica. O anúncio, feito diretamente pela Casa Branca, surpreendeu a opinião pública e intensificou o debate sobre segurança interna e liberdade de expressão nos EUA.

Contexto e motivação por trás da decisão

Trump justificou a medida após a morte de Charlie Kirk, ocorrida em 10 de setembro, embora a NBC News afirme que não há evidências de que o crime tenha sido cometido por um ativista de esquerda. Ainda assim, a administração alega que o Antifa representa uma ameaça real à estabilidade do país, acusando o grupo de buscar a destruição do sistema legal e da autoridade estatal.



Além disso, a ordem executiva afirma que o Antifa recruta, treina e radicaliza jovens, além de utilizar métodos de ocultação de identidade e financiamento para dificultar investigações. Portanto, o governo norte-americano acredita que essa classificação é essencial para conter a disseminação de ideologias de ódio e violência organizada.

O que é o Antifa?

O termo Antifa é uma abreviação de antifascismo e remonta aos movimentos de resistência surgidos na Itália e na Alemanha durante as décadas de 1920 e 1930, quando se opunham ao fascismo de Mussolini e ao nazismo de Hitler. Hoje, o movimento é descentralizado, sem liderança formal, e atua com foco em causas como combate ao racismo, homofobia, sexismo e fascismo moderno.

Os coletivos de Antifa utilizam diversas estratégias, que vão desde manifestações pacíficas até confrontos diretos. Muitos críticos alegam que o grupo recorre a destruição de bens e violência simbólica, rejeitando a mediação de instituições que consideram corruptas ou alinhadas com a extrema-direita.



Embora a maioria dos analistas classifique o movimento como de esquerda ou extrema-esquerda, os integrantes do Antifa se definem apenas como opositores de ideologias de extrema-direita, sem buscar representação eleitoral. No entanto, a falta de estrutura formal torna difícil definir a extensão de suas ações.

Repercussão internacional

Os EUA não são o único país onde o Antifa atua. Coletivos semelhantes estão presentes em várias nações, especialmente na Europa. No Brasil, o movimento antifascista surgiu nos anos 1930, com a resistência ao Integralismo, e ressurgiu entre os grupos punk nos anos 1980 e 1990.

Em 2013, por exemplo, o Antifa esteve nas ruas durante manifestações de massa e, mais recentemente, em protestos contra governos considerados autoritários. No entanto, a atuação de grupos de extrema-esquerda frequentemente gera reações de governos e setores conservadores.

Críticas e reações à medida de Trump

Essa não é a primeira vez que o governo Trump toma uma atitude contra o Antifa. Em 2020, após os protestos contra a morte de George Floyd, o presidente já havia ameaçado classificar o grupo como terrorista. No entanto, especialistas questionaram a legalidade da medida, e organizações de direitos civis se posicionaram contra.

Além disso, a decisão de 2025 ocorre em um contexto de crescente polarização política. Segundo a Reuters, os EUA vivem o período mais longo de violência política desde os anos 1970, com mais de 300 casos de atos motivados politicamente registrados desde o ataque ao Capitólio em janeiro de 2021. Portanto, a classificação de grupos como o Antifa como terroristas pode agravar ainda mais o clima de tensão.

Conclusão

Com essa nova ordem executiva, a administração Trump assume uma postura de endurecimento contra movimentos de oposição de esquerda, alegando proteger o Estado e a ordem pública. Contudo, a medida levanta importantes questões sobre liberdade de expressão, direitos civis e o papel do governo em definir o que é ou não terrorismo. O Antifa continua sendo um símbolo polarizador, tanto de resistência quanto de violência, dependendo da perspectiva de quem o observa.