Ataque dos EUA à Venezuela: o que se sabe sobre o vídeo polêmico e as acusações de uso de IA

O ataque dos EUA à Venezuela em 2025 gerou polêmica após o uso de um vídeo questionado quanto ao uso de inteligência artificial. Saiba mais sobre a operação e as acusações.

O ataque dos EUA à Venezuela no início de setembro de 2025 gerou grande repercussão internacional. O governo norte-americano divulgou um vídeo que mostra o abate de uma embarcação suspeita de tráfico de drogas. No entanto, o conteúdo foi questionado pelo governo venezuelano, que acusou os Estados Unidos de utilizarem inteligência artificial para criar o material.

Acusações de uso de inteligência artificial

O ministro de Comunicações da Venezuela, Freddy Ñáñez, foi o principal responsável pelas críticas ao vídeo divulgado pela Casa Branca. Segundo ele, o material teria sido manipulado com uso de inteligência artificial, em uma tentativa de deslegitimar o governo de Nicolás Maduro. Para corroborar a acusação, Ñáñez apresentou uma suposta análise feita pelo Google Gemini, que apontaria inconsistências nas imagens.



Além disso, ele acusou diretamente o secretário de Estado norte-americano, Marco Rubio, de mentir ao presidente Donald Trump. “Basta, Marco Rubio, de incentivar a guerra”, escreveu em tom provocativo nas redes sociais. No entanto, análises independentes realizadas pelo g1 com a ferramenta Hive Moderation indicaram baixa probabilidade de uso de inteligência artificial no vídeo, sugerindo que o conteúdo é autêntico.

Operação militar no Caribe

O ataque dos EUA à Venezuela ocorreu em águas internacionais do Caribe e, segundo o governo Trump, teve como alvo um barco da gangue Tren de Aragua. O grupo é classificado pelos EUA como organização terrorista e está associado ao tráfico de drogas. Onze pessoas morreram durante a operação, e nenhuma força norte-americana foi ferida.

Em comunicado no Truth Social, o ex-presidente Donald Trump afirmou: “O ataque ocorreu enquanto os terroristas estavam no mar, em águas internacionais, transportando narcóticos ilegais com destino aos Estados Unidos.” A declaração também serviu como um aviso: “Que isso sirva de aviso a qualquer pessoa que sequer pense em trazer drogas para os Estados Unidos da América. Cuidado!”



Envolvimento de Maduro

Os Estados Unidos acusam Maduro de liderar o chamado Cartel de los Soles, uma estrutura que, segundo especialistas, não funciona como uma hierarquia única. Trata-se de uma “rede de redes” que envolve militares e setores políticos da Venezuela. Embora Maduro não seja necessariamente o chefe, ele é apontado como um dos principais beneficiários dessa governança criminal híbrida.

Tensão crescente e mobilização militar

Além do ataque dos EUA à Venezuela, há crescente tensão militar na região. Os EUA enviaram ao sul do Caribe ao menos sete navios de guerra, um submarino nuclear, aviões de vigilância P-8 e aproximadamente 4.500 militares. Especialistas ouvidos pelo g1 afirmam que esse aparato é incompatível com uma operação focada apenas no combate ao tráfico de drogas.

Carlos Gustavo Poggio, professor do Berea College, nos EUA, afirma: “Se você olhar o tipo de equipamento que foi enviado para a Venezuela, não é um equipamento de prevenção ou de ação contra o tráfico.” Já Maurício Santoro, doutor em Ciência Política, alerta: “É uma situação muito semelhante à do Irã. O volume de recursos militares indica que os EUA estão falando sério.”

Resposta de Maduro

Diante da escalada, o presidente venezuelano Nicolás Maduro declarou que seu país entrará em luta armada caso seja atacado pelos Estados Unidos. Em entrevista coletiva, ele chamou o envio de embarcações norte-americanas de “a maior ameaça à América Latina do último século” e afirmou: “Se a Venezuela for atacada, passaria imediatamente ao período de luta armada em defesa do território nacional.”

Além disso, os EUA consideram Maduro um fugitivo da Justiça e oferecem recompensa de US$ 50 milhões por informações que levem à sua prisão. A Casa Branca, por sua vez, ainda não confirmou oficialmente os objetivos da operação militar, mas a porta-voz Karoline Leavitt disse que o governo Trump usará “toda a força” contra Maduro.

O que esperar a seguir?

Segundo informações do site Axios, Donald Trump teria solicitado um “menu de opções” sobre a Venezuela, o que indica que a crise pode evoluir ainda mais. Autoridades ouvidas pela imprensa americana não descartam uma intervenção direta no futuro. Enquanto isso, Caracas continua mobilizando militares e milicianos para se defender de um possível ataque.

O ataque dos EUA à Venezuela expõe uma crise geopolítica em franco aumento. A polarização entre os dois países tem implicações regionais e globais, e pode alterar o equilíbrio de poder no Caribe nos próximos meses.