A trajetória política de Carla Zambelli tomou uma guinada dramática nos últimos dias. A deputada federal do PL-SP, conhecida por sua proximidade com o ex-presidente Jair Bolsonaro, enfrentou uma sequência de eventos que culminou em sua saída do país. O caso ganhou proporções nacionais após a condenação por unanimidade no Supremo Tribunal Federal.
No dia 14 de maio de 2025, a Primeira Turma do STF condenou Carla Zambelli a dez anos de prisão. A decisão unânime dos ministros Alexandre de Moraes, Flávio Dino, Cristiano Zanin, Luiz Fux e Cármen Lúcia foi baseada nos crimes de invasão a dispositivo informático e falsidade ideológica. A condenação decorre da invasão ao sistema eletrônico do Conselho Nacional de Justiça (CNJ) ocorrida em 2023.
Além da pena de prisão, a parlamentar foi condenada à perda automática do mandato após o esgotamento dos recursos cabíveis. O STF também determinou o pagamento de R$ 2 milhões em danos morais coletivos. Esta quantia deve ser dividida com o hacker Walter Delgatti, réu confesso e já condenado a oito anos e três meses de prisão no mesmo processo.
Carla Zambelli Deixa o Brasil em Busca de Refúgio
Vinte dias após a condenação no STF, Carla Zambelli anunciou publicamente que deixou o Brasil. Durante entrevista ao canal AuriVerde no YouTube, a deputada revelou estar na Europa há alguns dias. Ela alegou ter ido inicialmente em busca de tratamento médico, mas posteriormente confirmou sua intenção de fixar residência no continente europeu.
A escolha pela Europa não foi casual. Carla Zambelli possui cidadania italiana, fato que ela considera crucial para sua proteção legal. Segundo a própria deputada, essa condição impediria sua extradição de volta ao Brasil. Em entrevista à CNN, ela confirmou estar especificamente na Itália, onde aparentemente se sente mais segura.
A parlamentar garantiu que solicitará licença não remunerada de seu mandato na Câmara dos Deputados. Esta decisão representa um afastamento formal de suas funções legislativas. Contudo, a medida não impede o prosseguimento dos processos judiciais em curso contra ela no sistema judiciário brasileiro.
Procuradoria-Geral da República Reage à Saída
A resposta das autoridades brasileiras não tardou a chegar. No dia 3 de junho de 2025, a Procuradoria-Geral da República (PGR) formalizou pedido de prisão preventiva de Carla Zambelli ao Supremo Tribunal Federal. O requerimento foi direcionado ao ministro Alexandre de Moraes, relator do caso, após a confirmação da saída da deputada do país.
A PGR também solicitou o bloqueio dos bens da parlamentar e sua inclusão na lista de difusão vermelha da Interpol. Essas medidas visam impedir que ela se esquive da Justiça brasileira. A inclusão na lista da Interpol facilitaria uma eventual localização e extradição da deputada, caso seja necessário.
O pedido de prisão preventiva se justifica pelo risco de fuga, que se concretizou com a saída não comunicada do país. As autoridades consideram que a atitude de Carla Zambelli caracteriza tentativa de se furtar ao cumprimento da pena imposta pelo STF. Esta interpretação fortalece a tese de que houve intenção deliberada de evasão.
Repercussões Políticas e Jurídicas
O caso ganha dimensões que extrapolam o âmbito puramente jurídico. A fuga de uma deputada federal condenada pelo STF gera precedente preocupante para o sistema democrático brasileiro. Especialistas em direito constitucional apontam que a situação testa os limites da imunidade parlamentar e da soberania nacional.
A família de Carla Zambelli também se manifestou sobre a situação. Sua mãe, em declarações à imprensa italiana, afirmou que na Europa sua filha seria “intocável”. Esta declaração reforça a percepção de que a estratégia da deputada é permanecer no exterior até que a situação jurídica no Brasil se resolva de alguma forma.
O Partido Liberal (PL), legenda pela qual Carla Zambelli foi eleita, ainda não se posicionou oficialmente sobre o caso. A ausência de manifestação partidária deixa a deputada isolada politicamente em um momento crucial. Alguns colegas parlamentares criticaram publicamente a atitude, considerando-a inadequada para alguém que ocupa cargo público.
Desdobramentos Futuros
O desenrolar deste caso promete trazer consequências significativas para o cenário político nacional. A decisão do STF sobre o pedido de prisão preventiva será fundamental para determinar os próximos passos. Contudo Alexandre de Moraes terá papel central na definição das medidas a serem adotadas contra a deputada fugitiva.
A situação de Carla Zambelli também levanta questões sobre a efetividade dos mecanismos de cooperação internacional em matéria penal. A eventual extradição dependeria da colaboração das autoridades europeias com a Justiça brasileira. Tratados internacionais e acordos bilaterais serão instrumentos fundamentais neste processo.
Por fim, o caso estabelece precedente importante sobre as consequências do descumprimento de decisões do STF. A fuga para o exterior como estratégia de evasão judicial poderá influenciar outros casos similares no futuro. A resposta do sistema judiciário brasileiro será observada atentamente pela comunidade jurídica nacional e internacional.