A deputada federal Carla Zambelli (PL-SP) permanecerá presa na Itália enquanto aguarda o julgamento do pedido de extradição feito pelo governo brasileiro. A decisão foi anunciada pela Justiça italiana na última quinta-feira (28), que destacou o “alto risco de fuga” como principal motivo para manter a parlamentar sob custódia.
Risco de fuga como principal critério
Embora a defesa de Carla Zambelli argumentasse que a saúde fragilizada da parlamentar deveria ser o ponto central da análise judicial, os magistrados italianos consideraram irrelevante esse fator em face da conduta passiva da deputada antes da prisão. Além disso, a sentença ressalta o contexto em que ela entrou no território italiano.
“A turma entende que o risco de fuga, que a Defesa finge ser inexistente, deve ser avaliado à luz da conduta (comprovada) da interessada antes de sua prisão”, diz o documento judicial. A sentença faz referência ao fato de Carla Zambelli ter chegado à Itália logo após ser condenada pelo Supremo Tribunal Federal (STF) a 10 anos de prisão por invadir os sistemas do Conselho Nacional de Justiça (CNJ).
Detalhes da condenação e da fuga
- Condenada pelo STF em 4 de junho de 2025.
- Fugiu do Brasil em maio de 2025.
- Passou pelos Estados Unidos antes de chegar à Itália.
- Chegou ao Aeroporto de Fiumicino no dia seguinte à sua condenação.
Portanto, a atitude de viajar internacionalmente logo após a sentença reforça a suspeita de que ela pretendia se eximir da responsabilidade penal no Brasil. A própria Carla Zambelli já afirmou que deseja ser julgada pela Justiça italiana, negando envolvimento na invasão ao CNJ.
Novo pedido de soltura e argumentos da defesa
A defesa da parlamentar apresentou um novo pedido de soltura, alegando que o governo brasileiro não formalizou um pedido de prisão preventiva perante a Itália. No entanto, a Corte Suprema da Itália já esclareceu que um pedido de prisão na lista de alerta vermelho da Interpol — como é o caso de Carla Zambelli — equivale a um pedido internacional de prisão.
Além disso, o Tratado de Extradição entre Itália e Brasil, no artigo 13.2, reconhece explicitamente a equivalência entre pedidos da Interpol e medidas cautelares como a prisão preventiva. Portanto, mesmo sem um pedido formal de prisão preventiva, o risco de fuga foi considerado legítimo pelos juízes italianos.
Questões médicas e condições da prisão
Apesar das alegações da defesa sobre a necessidade de cuidados médicos especiais, uma perícia médica realizada por profissionais indicados por ambas as partes concluiu que Carla Zambelli está apta para permanecer presa. A médica da defesa e o representante do governo brasileiro diagnosticaram depressão, mas não consideraram a condição grave o suficiente para justificar a soltura.
Além disso, Carla Zambelli está detida na maior penitenciária feminina da Itália, que sofre com superlotação. No entanto, isso não foi considerado suficiente para alterar a decisão judicial.
Atividade nas redes sociais mesmo em prisão
Mesmo após a suspensão de suas redes sociais oficiais pelo ministro Alexandre de Moraes, Carla Zambelli continua ativa por meio de um perfil alternativo no Instagram. A conta, criada em maio de 2025, já acumula cerca de 4.600 seguidores e é usada para reforçar críticas ao STF e comentar sobre a política nacional.
O primeiro post foi publicado em 13 de junho, cerca de 10 dias após o bloqueio das contas oficiais. A última atualização ocorreu em 28 de julho, demonstrando que a deputada mantém sua influência digital mesmo em prisão.
Conclusão
A prisão de Carla Zambelli na Itália demonstra o alcance internacional da Justiça brasileira e o compromisso dos países com os tratados de extradição. Apesar das tentativas da defesa de obter a soltura com base em alegações médicas e jurídicas, a decisão judicial italiana foi clara: o risco de fuga é real e justifica a manutenção da prisão.
Enquanto isso, a situação política e judicial de Carla Zambelli segue em análise, com implicações tanto para o Brasil quanto para as relações internacionais.