Em 16 de setembro de 2025, a cineasta brasileira presa nos EUA, Bárbara Marques, vivia um momento de esperança. Ao lado do marido, o norte-americano Tucker May, ela compareceu à entrevista de rotina no escritório de imigração de Los Angeles para dar início ao processo de obtenção do green card.
Um processo que começou com promessas de sucesso
Desde o início, Bárbara Marques sabia que o processo de imigração poderia ser complicado, especialmente diante da política de imigração rigorosa de Donald Trump. No entanto, a cineasta, casada com Tucker em abril daquele ano, seguiu com otimismo. O casal, acompanhado pela advogada responsável, acreditava que estavam próximos de regularizar a situação de Bárbara.
Portanto, quando um funcionário solicitou a cópia do passaporte de Bárbara Marques, alegando que a máquina de digitalização estava quebrada, a diretora de filmes como PRETAS (2021) e Cartaxo (2020) foi gentilmente convidada a acompanhá-lo até outra sala. No entanto, ela não retornou.
Detida de forma inesperada
Além disso, a situação tomou um rumo inesperado. No caminho, a cineasta brasileira presa nos EUA foi detida pelos agentes do Serviço de Imigração e Controle Aduaneiro (ICE). Tucker May, seu marido, revelou que a notícia o pegou de surpresa, após apenas 15 minutos de espera. Segundo ele, os agentes informaram que Bárbara havia sido alvo de uma ordem de deportação por ter faltado a uma audiência de regularização de visto em 2019.
Além disso, o advogado de Bárbara, Marcelo Gondim, explicou que ela havia entrado nos Estados Unidos com um visto de turista em 2018. Ao tentar renovar, a notificação de negativa e da audiência não teria sido entregue, provavelmente por conta de mudança de endereço. Além do mais, destacou-se que a cineasta não possui antecedentes criminais.
Violações de direitos e condições degradantes
Além de sofrer a detenção de forma abrupta, a cineasta brasileira presa nos EUA foi algemada e submetida a um tratamento degradante. Tucker relatou que, ao vê-la pela primeira vez, ela se desesperou com as algemas, e isso foi motivo de deboche por parte de um dos agentes, que chegou a tirar uma selfie com ela chorando. “Não há nenhum senso de humanidade. Parece que eles sentem prazer na crueldade”, disse Tucker.
Após a detenção, Bárbara foi encaminhada para um centro de detenção em Adelanto, no leste de Los Angeles. No entanto, a situação se agravou quando, no sábado seguinte, ela foi transferida para Arkansas e, mais tarde, para a Louisiana. Segundo o marido, ela passou mais de 12 horas sem alimentação, recebendo apenas pão com queijo. “É um tratamento desumano, de desrespeito ao Estado de direito e parece haver um prazer sádico nos agentes em atormentar pessoas vulneráveis”, acrescentou Tucker.
Repercussão e apoio jurídico
Em resposta ao caso de Bárbara Marques, a União Americana pelas Liberdades Civis (ACLU) entrou com uma ação judicial coletiva alegando que o governo dos EUA está negando o direito legal de dezenas de imigrantes. A ACLU acusa o ICE de realizar prisões arbitrárias, com foco em deportações em massa, mesmo de pessoas sem histórico criminal.
Além disso, o Itamaraty confirmou que está prestando assistência consular à cidadã brasileira. Apesar de contatado, o ICE não se manifestou até a publicação desta matéria. A comunidade brasileira de Pasadena, onde Bárbara vivia, também se manifestou de forma solidária. “Ela veio para realizar seu sonho de trabalhar em cinema, e sempre me pareceu uma pessoa gentil e humilde”, afirmou Christopher de Barros.
Conclusão: um alerta sobre as políticas de imigração
Em conclusão, a detenção de Bárbara Marques demonstra como a imigração, especialmente para profissionais de cultura como a cineasta brasileira presa nos EUA, pode se tornar um pesadelo devido à falta de transparência nos processos de regularização. A situação de Bárbara ilustra a necessidade de revisão de políticas de imigração nos EUA, sobretudo quando aplicadas de maneira punitiva a pessoas sem histórico de infrações.
Portanto, a luta de Bárbara Marques por justiça e permanência legal nos EUA se torna um símbolo de resistência, além de um alerta sobre a fragilidade de direitos diante de um sistema de imigração cada vez mais rigoroso.
