A sucessão de Francisco expõe uma Igreja Católica rachada entre conservadores e progressistas, enquanto escândalos e tensões políticas ameaçam influenciar a escolha do novo papa no conclave 2025.
Com o conclave 2025 marcado para 7 de maio, o Vaticano se transforma em palco de uma disputa acirrada que vai muito além da escolha de um novo pontífice. A morte do Papa Francisco, em 21 de abril, deixou um vácuo de poder que escancarou divisões profundas dentro da Igreja Católica, colocando conservadores e progressistas em lados opostos de uma batalha ideológica sem precedentes.
Entre os 133 cardeais eleitores, 108 foram nomeados por Francisco, o que, em tese, favoreceria a continuidade de sua agenda reformista. No entanto, as discussões pré-conclave têm sido marcadas por críticas ferozes ao legado do papa argentino. Cardeais como Joseph Zen, de Hong Kong, e Beniamino Stella, da Itália, expressaram descontentamento com as reformas que abriram espaço para leigos e mulheres em cargos de liderança no Vaticano.
A lista de “papáveis” reflete essa polarização. De um lado, nomes como o italiano Pietro Parolin, secretário de Estado do Vaticano, e o húngaro Péter Erdő, conhecido por sua postura conservadora. Do outro, figuras como o filipino Luis Antonio Tagle, alinhado às ideias progressistas de Francisco, mas que enfrenta resistência interna.
A situação se complica ainda mais com escândalos recentes. O cardeal italiano Angelo Becciu, ex-subordinado de Parolin, foi condenado por desvio de fundos e fraude, lançando uma sombra sobre a candidatura italiana.
Enquanto isso, o senador americano Lindsey Graham fez uma piada controversa, sugerindo que Donald Trump deveria ser considerado para o papado. Trump, por sua vez, brincou dizendo que seria sua “escolha número um”, embora tenha expressado apoio ao arcebispo Timothy Dolan, de Nova York, que não está entre os favoritos .
O conclave promete ser um dos mais imprevisíveis da história recente da Igreja, com a fumaça branca podendo anunciar não apenas um novo papa, mas também o rumo que o catolicismo tomará nas próximas décadas.