Conflito Armado: A Nova Estratégia de Trump Contra o Narcotráfico
O governo dos Estados Unidos, sob a liderança do presidente Donald Trump, declarou oficialmente um conflito armado contra cartéis internacionais de drogas. Esta decisão histórica, baseada em um memorando confidencial obtido por veículos como CBS, The New York Times e Reuters, redefine esses grupos como “combatentes legais” e justifica operações militares contra eles. Além disso, a medida representa uma escalada significativa na guerra contra as drogas, tratando o narcotráfico como uma ameaça de segurança nacional equivalente a um ataque armado.
Os Ataques no Caribe e a Justificativa Legal
A divulgação do documento ocorre imediatamente após os EUA ordenarem uma série de ataques a embarcações no Caribe. Essas operações resultaram na morte de pelo menos 17 indivíduos suspeitos de transportar drogas. Portanto, o memorando serve como uma justificativa formal para o uso da força letal. O texto afirma que o presidente Trump determinou que o país está envolvido em um conflito armado com essas organizações, instruindo o Departamento de Defesa (referido no documento como “Departamento de Guerra”) a conduzir operações de acordo com as leis de guerra internacionais.
Questionamentos sobre a Legalidade Internacional
No entanto, especialistas em direito internacional levantaram sérias dúvidas sobre a legalidade dessa abordagem. Luke Moffett, professor da Queen’s University em Belfast, explicou à BBC Verify que o uso da força letal pode constituir uma violação fundamental dos direitos humanos, potencialmente configurando execuções extrajudiciais. Da mesma forma, Geoffrey S. Corn, ex-conselheiro sênior do Exército dos EUA, argumentou ao The New York Times que vender um produto ilegal é fundamentalmente diferente de travar um conflito armado tradicional, questionando a base legal para a designação.
O Alvo na Venezuela e a Possível Expansão para o Brasil
O foco inicial das operações recai sobre a Venezuela. As autoridades americanas já realizaram uma grande mobilização militar no Caribe, visando especificamente o Tren de Aragua e o Cartel de Los Soles, que supostamente envolveria altos funcionários do governo Maduro. Em consequência, o governo venezuelano nega veementemente as acusações e acusa os EUA de usar a questão das drogas como pretexto para uma mudança de regime.
Além disso, a estratégia pode se expandir. Analistas políticos da consultoria Eurasia avaliam que o governo Trump pode considerar classificar facções criminosas brasileiras, como o Primeiro Comando da Capital (PCC) e o Comando Vermelho (CV), como organizações terroristas. Christopher Garman, diretor-executivo da Eurasia, afirmou que, embora não seja iminente, a probabilidade dessa designação aumenta significativamente num horizonte de seis a oito meses. Essa medida potencialmente insere esses grupos no escopo do mesmo conflito armado.
Reações Internacionais e Tensões Geopolíticas
Em resposta à presença militar norte-americana na região, o presidente brasileiro Luiz Inácio Lula da Silva expressou forte crítica. Durante uma reunião do BRICS, em setembro, Lula alertou que o terrorismo não deve ser confundido com desafios de segurança pública e condenou a presença de forças armadas no Caribe como um “fator de tensão”. Simultaneamente, diplomatas temem, em caráter reservado, que o combate ao narcotráfico se torne um pretexto para intervenções militares mais amplas na América Latina, redefinindo as regras do engajamento regional sob a doutrina de um conflito armado global contra as drogas.
