Demissão da diretora do CDC gera crise na saúde pública dos EUA

A demissão da diretora do CDC por parte do governo Trump gera crise na saúde pública dos EUA e reações da comunidade científica.

A demissão da diretora do CDC, Susan Monarez, anunciada pela Casa Branca no dia 28 de agosto de 2025, provocou uma onda de reações em toda a comunidade científica e política dos Estados Unidos. Indicada por Donald Trump em março de 2025, Monarez estava no cargo há pouco mais de um mês quando foi abruptamente afastada.

A decisão controversa da Casa Branca

Segundo o porta-voz da administração, Kush Desai, a demissão da diretora do CDC ocorreu porque ela não estava alinhada com a agenda do presidente, intitulada “Tornar a América Saudável Novamente”. A justificativa oficial é de que Monarez teria se recusado a pedir demissão voluntariamente, mesmo após manifestar essa intenção à liderança do Departamento de Saúde e Serviços Humanos (HHS).



No entanto, a defesa de Monarez contesta veementemente a validade da demissão. Seus advogados argumentam que, como o cargo foi confirmado pelo Senado, apenas o próprio presidente Donald Trump teria legitimidade para demiti-la — o que, até o momento, não ocorreu.

Conflitos com Robert Kennedy Jr.

A demissão da diretora do CDC se insere no contexto de crescente tensão entre ela e o secretário de Saúde, Robert F. Kennedy Jr., conhecido por sua postura antivacina. Desde que assumiu o cargo, Kennedy promoveu uma série de mudanças radicais nas políticas de vacinação, inclusive eliminando recomendações federais para gestantes e crianças saudáveis.

Além disso, Kennedy demitiu todo o painel consultivo de vacinas do CDC, substituindo os membros por aliados, incluindo ativistas contrários à vacinação. Diante disso, a equipe jurídica de Monarez acusa o secretário de persegui-la por ela se recusar a apoiar diretrizes consideradas anticientíficas.



Reações na alta cúpula do CDC

A situação se agravou com a renúncia de quatro altos funcionários da agência:

  • Debra Houry, diretora médica;
  • Demetre Daskalakis, diretor do Centro Nacional de Imunização e Doenças Respiratórias;
  • Daniel Jernigan, diretor do Centro Nacional de Doenças Infecciosas Emergentes e Zoonóticas;
  • Jen Layden, diretora do Escritório de Dados, Vigilância e Tecnologia em Saúde Pública.

Esses gestores deixaram o cargo em meio a crescentes preocupações com a politização da saúde pública e a desinformação sobre vacinas. Houry, em sua carta de renúncia, destacou o aumento de casos de sarampo e os ataques violentos à agência como sinais alarmantes.

Impactos na saúde pública

O CDC enfrenta desafios críticos sob a nova gestão. A tentativa de cortar US$ 3,6 bilhões do orçamento da agência e os planos de Kennedy de reorganizar o órgão afetam diretamente sua capacidade de resposta a emergências sanitárias.

Fiona Havers, ex-funcionária do CDC, afirmou que as recentes demissões são “devastadoras” e deixaram os cientistas de carreira desprotegidos frente aos ataques da atual administração.

Portanto, a demissão da diretora do CDC não é apenas uma disputa política; é um alerta sobre o futuro da saúde pública nos Estados Unidos. A comunidade científica e os cidadãos devem estar atentos aos próximos passos do governo Trump.