Desfile militar da China marca nova era de poder global e desafia ordem americana

O desfile militar da China marcou uma nova era de poder global e desafiou a ordem internacional liderada pelos EUA, especialmente em tempos de políticas tarifárias de Trump.

O desfile militar da China realizado em Pequim para comemorar o 80º aniversário do fim da Segunda Guerra Mundial foi mais do que uma simples celebração histórica. O evento serviu como uma demonstração clara de força e ambição geopolítica por parte de Pequim, especialmente em um momento em que as políticas tarifárias de Donald Trump reconfiguram os alinhamentos globais.

Apresentação de poder tecnológico e histórico

Durante o desfile militar da China, a Praça da Paz Celestial foi palco de uma impressionante exibição de mísseis balísticos, drones de última geração, sistemas de defesa antimísseis e ogivas nucleares. Além disso, o governo chinês utilizou a oportunidade para reforçar uma narrativa histórica: a importância do papel da China na derrota do Japão durante a Segunda Guerra Mundial.



Richard Wilkie, ex-secretário de assuntos de veteranos no governo Trump, destacou que essa reescrita da história é o primeiro passo para uma maior influência global. “É o primeiro passo de um esforço conjunto para reescrever as regras do jogo”, afirmou ele.

Reações de Donald Trump

Donald Trump acompanhou o desfile militar da China de longe, mas com atenção. Na Casa Branca, o presidente norte-americano declarou: “Eles esperavam que eu estivesse assistindo, e eu estava assistindo”. Aparentemente impressionado com a ostentação militar chinesa, Trump não escondeu sua preocupação em conversas com aliados.

No entanto, suas declarações oscilaram entre indiferença e crítica. Em um podcast, afirmou não estar preocupado com a exibição de força. Já em sua rede social Truth Social, elogiou aliados como Putin e Kim Jong Un, ao mesmo tempo em que acusava Pequim de não reconhecer adequadamente o papel dos EUA na Segunda Guerra.



Alianças geopolíticas em transformação

O desfile militar da China não foi o único sinal de realinhamento global. Na semana seguinte, Xi Jinping, Vladimir Putin e Narendra Modi se encontraram em uma cúpula econômica em Tianjin. O encontro indica uma possível aproximação entre as três maiores potências da Ásia, em um contexto de crescente tensão comercial causada pelas tarifas impostas pelos Estados Unidos.

Essa pressão comercial tem levado países como China e Índia a buscar novas parcerias estratégicas. Além disso, as políticas “América Primeiro” de Trump têm abalado alianças tradicionais, criando um vácuo que Pequim busca preencher.

A resposta americana

Os EUA, por sua vez, tentam manter sua influência global. Trump, apesar de ambivalente em relação a conflitos distantes, tem promovido uma retórica protecionista. Ele considera as tarifas uma ferramenta essencial para revitalizar a indústria nacional e proteger os interesses dos trabalhadores americanos.

No entanto, essa abordagem enfrenta desafios legais. Um tribunal de apelação recentemente declarou que muitas das tarifas do governo Trump são baseadas em uma interpretação equivocada da lei. O presidente prometeu recorrer ao Supremo Tribunal, mas não há garantias de sucesso.

Conclusão: o desafio da nova ordem mundial

O desfile militar da China foi um lembrete de que Pequim não apenas desafia a ordem internacional liderada pelos EUA, mas propõe uma alternativa. A combinação de poder militar, narrativa histórica e diplomacia econômica coloca a China em uma posição cada vez mais central no cenário global.

Diante disso, os EUA precisam equilibrar sua agenda protecionista com a necessidade de manter alianças estratégicas. Seja nos pátios da Praça da Paz Celestial ou nos tribunais americanos, os sinais são claros: o mundo está em transição, e o desfile militar da China é um dos principais indicadores dessa transformação geopolítica.