O desfile militar da China realizado em Pequim, no dia 3 de setembro de 2025, marcou o 80º aniversário da derrota do Japão na Segunda Guerra Mundial. No entanto, o evento foi muito mais do que uma celebração histórica. O presidente chinês, Xi Jinping, utilizou a oportunidade para exibir o crescente poder bélico do país e enviar um sinal claro de força ao Ocidente.
Alianças estratégicas em destaque
Durante o desfile militar da China, líderes de nações aliadas como Rússia e Coreia do Norte estiveram ao lado de Xi Jinping. O presidente russo, Vladimir Putin, e o líder norte-coreano, Kim Jong-un, caminharam lado a lado com o líder chinês por um tapete vermelho, simbolizando uma aliança cada vez mais sólida entre os três países. Além deles, outros líderes internacionais, como o ex-presidente brasileiro Celso Amorim e Dilma Roussef, também compareceram ao evento.
Reações internacionais
Em Washington, o presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, reagiu com descontentamento à aproximação entre China, Rússia e Índia. Em sua rede social Truth Social, Trump declarou: “Parece que perdemos a Índia e a Rússia para a China mais profunda e sombria. Que tenham um longo e próspero futuro juntos”. Além disso, Trump acusou os líderes presentes de conspirarem contra os EUA, apesar de negar posteriormente que o desfile militar da China representasse uma ameaça direta.
Na Europa, a reação também foi contundente. A chefe da diplomacia da União Europeia, Kaja Kallas, afirmou que o encontro dos líderes autoritários durante a cerimônia foi um “desafio direto à ordem internacional”, reforçando a percepção de que o desfile militar da China teve um caráter antiocidental.
Exibição de poderio bélico
Pela primeira vez, a China revelou ao público sua tríade nuclear completa, composta por armas nucleares que podem ser lançadas por terra, mar e ar. Entre os equipamentos exibidos, destacaram-se:
- Míssil balístico intercontinental DF-5C, com alcance de 20.000 km;
- Novo míssil móvel de longo alcance DF-61;
- Mísseis hipersônicos e drones marítimos não tripulados.
Segundo especialistas, como o acadêmico James Char, da Escola de Estudos Internacionais S. Rajaratnam, em Singapura, essa exibição de força pode complicar os planos dos EUA e de seus aliados em qualquer eventual conflito no Leste Asiático. “A combinação dos drones marítimos e dos mísseis criará uma área na qual marinhas estrangeiras não poderão sequer entrar para intervir”, afirmou Char à agência Reuters.
Mensagem geopolítica
Durante o evento, Xi Jinping discursou para mais de 50 mil espectadores e declarou que o mundo está diante de uma escolha entre “paz ou guerra, diálogo ou confronto, ganhos mútuos ou soma zero”. O discurso reforçou a imagem da China como uma nova potência global disposta a reconfigurar a ordem internacional.
Além disso, o presidente chinês vestiu um terno inspirado no estilo de Mao Tsé-tung, o que reforçou o simbolismo do evento. A cerimônia incluiu tropas em formação, sobrevoos aéreos e a exibição de tanques e sistemas de defesa aérea de última geração.
Conclusão
O desfile militar da China não foi apenas uma demonstração de força bélica, mas também um sinal claro de que Pequim busca um papel central no cenário geopolítico global. Com aliados estratégicos ao seu lado e um arsenal tecnologicamente avançado, a China reafirma sua posição como uma potência capaz de desafiar a ordem estabelecida pelos Estados Unidos e seus aliados.
