Desfile militar na China reúne líderes globais em evento marcado pela diplomacia estratégica

Desfile militar na China reúne líderes globais em evento marcado pela diplomacia estratégica e alinhamentos geopolíticos.

O desfile militar na China realizado em Pequim nesta quarta-feira (3) marcou presença significativa de líderes internacionais, em um evento carregado de simbolismo e intenções políticas. O presidente russo, Vladimir Putin, e o líder norte-coreano, Kim Jong-un, estiveram entre os convidados de destaque, reforçando alianças estratégicas em um momento delicado da geopolítica global.

Presença internacional e ausência ocidental

Além de Putin e Kim, outros 24 chefes de Estado e de governo estrangeiros compareceram ao evento. Entre os participantes, estavam o presidente do Irã, Masoud Pezeshkian, o chefe da junta de Mianmar, Min Aung Hlaing, e a ex-presidente do Brasil, Dilma Rousseff, atual líder do Novo Banco de Desenvolvimento do BRICS. No entanto, até o fechamento desta matéria, a assessoria de Dilma não confirmou oficialmente sua presença.



Por outro lado, a ausência de líderes ocidentais foi notável. Apenas três figuras do Ocidente marcaram presença: Robert Fico, primeiro-ministro da Eslováquia, o presidente da Sérvia, Aleksander Vučić, e o presidente cubano, Miguel Díaz-Canel. Além disso, tanto Fico quanto Vučić são aliados declarados de Vladimir Putin, o que reforça a orientação geopolítica do evento.

Comemoração histórica com conotação política

O desfile militar na China comemora os 80 anos da rendição do Japão na Segunda Guerra Mundial, que encerrou a ocupação japonesa em território chinês. Contudo, o evento vai além de uma simples homenagem histórica. Especialistas apontam que o objetivo central é reafirmar a influência crescente da China no cenário internacional.

Segundo Alfred Wu, professor da Escola de Políticas Públicas Lee Kuan Yew, da Universidade Nacional de Cingapura, o evento demonstra o desejo do líder chinês, Xi Jinping, de se posicionar como uma figura global de peso. “Xi Jinping está tentando mostrar que é muito forte, que continua poderoso e bem recebido na China. Quando era apenas um líder regional, admirava Putin e via nele um modelo; agora, é a vez de outros líderes admirarem a China”, declarou o especialista.



Reconfiguração da ordem global

A presença de líderes de nações que compõem o chamado Eixo da Turbulência — uma coalizão de Estados que buscam contrapor-se à ordem geopolítica liderada pelo Ocidente — reforça a narrativa de que Pequim busca liderar um novo bloco internacional. Esse grupo visa minar influências dos Estados Unidos, seja em questões como Taiwan ou por meio do apoio econômico mútuo como forma de contornar sanções.

Xi Jinping tem investido pesadamente na imagem da China como um parceiro comercial confiável, especialmente após as tensões comerciais com os EUA durante o governo Trump. Essa estratégia de branding geopolítico é essencial para a consolidação de uma ordem multipolar, na qual Pequim desempenhe papel central.

Conclusão: Um evento que vai além do protocolo

Em conclusão, o desfile militar na China reuniu figuras-chave de um novo alinhamento global, afastado do tradicional bloco ocidental. A diplomacia chinesa utilizou o evento para posicionar-se como uma potência capaz de liderar uma nova configuração geopolítica. Com a presença de aliados estratégicos e a ausência quase total de representantes do Ocidente, Pequim demonstrou claramente suas intenções de expandir sua esfera de influência em escala mundial.