O discurso de Abbas na ONU desta quinta-feira (25) marcou um momento crucial nas declarações da Autoridade Palestina no cenário internacional. Em sua fala por videoconferência, o presidente Mahmoud Abbas reafirmou posições fundamentais sobre a construção de um Estado palestino, condenou o Hamas e manifestou disposição para dialogar com os Estados Unidos, mesmo com as tensões envolvendo o governo de Donald Trump.
Contexto do discurso
Apesar de ter seu visto de entrada negado pelo governo norte-americano, Abbas conseguiu discursar após uma votação da maioria dos países membros da ONU, que aprovou sua participação virtual. Portanto, o presidente palestino utilizou esse espaço para transmitir uma mensagem clara de rejeição à violência e defesa de uma solução negociada para o conflito no Oriente Médio.
Principais pontos do discurso de Abbas na ONU
1. Defesa de um Estado da Palestina
Abbas destacou que “não se pode alcançar paz sem Justiça, e a Justiça só será feita quando houver um Estado da Palestina”. Essa declaração resume a posição central da Autoridade Palestina, que vê o reconhecimento de sua soberania como condição essencial para a estabilidade na região. Além disso, o presidente enfatizou a necessidade de construir instituições de um Estado moderno, capaz de coexistir pacificamente com Israel.
2. Condenação ao Hamas
Um dos momentos mais contundentes do discurso de Abbas na ONU foi a condenação explícita ao Hamas. “Apesar de tudo que nosso povo vem sofrendo, nós rejeitamos o que o Hamas fez no dia 7 de outubro”, afirmou Abbas. Ele ressaltou que os ataques do grupo terrorista não representam o povo palestino, reiterando a divisão interna entre a Autoridade Palestina, que administra a Cisjordânia, e o Hamas, que controla a Faixa de Gaza.
3. Futuro de Gaza sem o Hamas
Outro ponto de destaque foi a declaração de que o Hamas não terá papel em um eventual governo de Gaza após a guerra. Abbas afirmou que a Faixa de Gaza é parte integrante do futuro Estado da Palestina, e que a Autoridade Palestina está pronta para reassumir a governança e a segurança do território. Além disso, ele exigiu que o Hamas e outras facções entreguem suas armas, como parte de um processo de construção de um Estado de direito.
4. Críticas às ações de Israel
Abbas não poupou críticas às operações militares de Israel em Gaza, classificando-as como “um crime de guerra e contra a humanidade”. Ele também acusou o governo de Benjamin Netanyahu de usar a fome como arma de guerra, ao restringir o acesso de alimentos e suprimentos à população local. Portanto, o presidente palestino defendeu o cumprimento dos Acordos de Oslo de 1993, que previam a retirada de tropas israelenses da Cisjordânia e de Gaza, o que, segundo ele, ainda não foi realizado.
5. Pronto para trabalhar com Trump
Apesar das divergências com os Estados Unidos, Abbas afirmou estar “pronto para trabalhar com Donald Trump” e outros parceiros internacionais, a fim de implementar o plano de paz aprovado em 22 de setembro. Essa abertura demonstra a disposição do líder palestino para buscar soluções diplomáticas, mesmo diante de alianças complexas como a entre EUA e Israel.
6. Agradecimento aos países que reconhecem a Palestina
Por fim, Abbas agradeceu a dezenas de países que recentemente reconheceram a Palestina como Estado soberano, como Reino Unido, França, Canadá, Portugal e Malta. Além disso, o presidente destacou que o apoio de 149 nações é um marco importante no caminho rumo à legitimidade internacional. “Nosso povo não esquecerá”, declarou emocionado.
Conclusão
O discurso de Abbas na ONU reafirmou a busca por uma solução pacífica, a rejeição à violência e a necessidade de diálogo multilateral. Em meio a um cenário de crescente tensão no Oriente Médio, o presidente palestino usou o maior fórum diplomático do mundo para transmitir a voz de seu povo e reforçar a importância de um Estado da Palestina como garantia de paz duradoura. Portanto, a mensagem de Abbas chega em um momento decisivo, exigindo atenção e ação dos líderes globais.