O discurso de Trump na ONU durante a Assembleia Geral de 2025 gerou grande repercussão, especialmente devido às alegações polêmicas feitas pelo então presidente dos Estados Unidos. Apesar de sua longa duração — quase uma hora, bem acima do tempo padrão de outros líderes —, várias de suas declarações foram analisadas e classificadas como enganosas ou completamente falsas por veículos de imprensa de renome como The New York Times, Washington Post e a Associated Press.
Conflitos Internacionais: Mitos e Realidades
Uma das afirmações mais impactantes de Trump foi de que ele teria “resolvido” sete conflitos em apenas sete meses. No entanto, isso não corresponde à realidade. Embora o governo americano tenha atuado como mediador, nenhuma das situações foi encerrada de forma definitiva:
- Armênia e Azerbaijão: Uma declaração conjunta foi assinada, mas disputas territoriais e constitucionais persistem.
- República Democrática do Congo e Ruanda: Apesar do acordo, os combates continuaram.
- Índia e Paquistão: A mediação de Trump facilitou o cessar-fogo, mas os países negociaram diretamente, mantendo o impasse.
- Israel e Irã: A trégua anunciada é precária, com tensões nucleares ainda em curso.
- Camboja e Tailândia: A violência diminuiu, mas as causas do conflito permanecem.
- Egito e Etiópia: A mediação teve pouco impacto, e o impasse hídrico continua.
- Kosovo e Sérvia: Apesar da cooperação econômica, a posição de Kosovo não foi resolvida.
Portanto, o discurso de Trump na ONU distorceu a realidade de suas ações, apresentando mediações como resoluções de conflitos.
Conflitos sobre Energia eólica e a China
Trump ainda alegou que a China constrói usinas eólicas apenas para exportar, sem utilizá-las internamente. Esse discurso, no entanto, é enganoso. Na verdade, a China lidera globalmente em capacidade de energia eólica e detém quase metade da infraestrutura mundial. Além disso, o país investiu mais de US$ 600 bilhões em 2024 em energias renováveis, tanto para uso doméstico quanto para exportação.
Além disso, a World Wind Energy Association confirmou que a China opera quase um terço de todos os parques eólicos do mundo. Portanto, a afirmação de Trump contradiz os dados globais, revelando a falta de embasamento técnico em seu discurso de Trump na ONU.
Declarações sobre Mudanças Climáticas e Ambientalistas
Outra declaração polêmica foi de que ambientalistas querem “matar todas as vacas”. A imprensa, mais uma vez, desmente essa afirmação. Não há evidências de que ambientalistas radicais defendam a extinção de gado, o que torna essa alegação uma generalização infundada.
Além disso, Trump citou predições de 1982 e 1989 sobre catástrofes climáticas como se nada tivesse acontecido. No entanto, a realidade é diferente. O nível do mar subiu 15 centímetros em algumas partes do Pacífico, e nações insulares como Tuvalu, Maldivas, Ilhas Marshall, Nauru e Kiribati enfrentam o risco de desaparecer. Isso mostra que o aquecimento global já tem impactos irreversíveis, desmentindo a tentativa de minimizar a crise climática.
Financiamento da ONU à imigração ilegal: uma acusação infundada
Trump também acusou a ONU de financiar a imigração ilegal, alegando que US$ 372 milhões em 2024 teriam sido destinados a apoiar migrantes rumo aos EUA. No entanto, a agência de refugiados da ONU e o UNICEF fornecem assistência humanitária, como abrigo e alimentação, a refugiados em países de acolhida, como Turquia, Grécia e Líbano. Não há financiamento direto para imigração ilegal, o que torna essa alegação mais uma tentativa de desviar o foco de políticas de imigração internas dos EUA.
Crítica à segurança de Washington D.C.
Por fim, o presidente afirmou que Washington D.C. era a “capital do crime” antes da intervenção federal. Contudo, dados de 2023 mostram que a taxa de homicídios na capital é de 39,1 para 100 mil habitantes, inferior ao índice divulgado pela administração Trump. Além disso, seis outras cidades americanas tinham taxas de criminalidade mais altas, como Memphis, Nova Orleans, St. Louis, Baltimore, Cleveland e Detroit. Essa comparação revela a manipulação de dados no discurso de Trump na ONU.
Conclusão
O discurso de Trump na ONU foi marcado por exageros, alegações infundadas e desinformação. Embora tenha atraído atenção por sua duração, a substância de suas falas, quando confrontada com dados, revela uma narrativa distorcida. A crítica de veículos de comunicação de peso mostra o quanto é essencial analisar com rigor o conteúdo de discursos políticos. A verdade, mesmo em fóruns internacionais, deve prevalecer.