Donald Trump TV: A Força das Imagens na Diplomacia dos EUA
No cenário internacional, a imagem frequentemente fala mais alto que as palavras. Para Donald Trump, o presidente norte-americano, as telas de televisão representam uma ferramenta de poder não convencional, moldando sua visão do mundo e influenciando decisões diplomáticas de grande impacto. A recente crise em Gaza, por exemplo, evidencia claramente como imagens transmitidas pela TV puderam alterar a postura do líder americano.
O Impacto das Imagens na Visão de Trump
Em julho de 2025, durante uma coletiva de imprensa, Trump enfrentou uma questão delicada sobre a fome no território palestino de Gaza. O primeiro-ministro israelense, Benjamin Netanyahu, afirmara que não havia fome generalizada na região. Diante das câmeras, Trump respondeu com base em seu principal meio de informação: “Baseado na televisão, diria que não realmente, porque essas crianças parecem muito famintas. Isso é fome real. Eu vejo e não se pode fingir isso.”
Esta reação, que contradisseca a postura anterior do presidente em relação às sofrerências humanitárias, tem como principal motor as imagens que ele consome rotineiramente. Para muitos observadores, não é surpresa que um líder conhecido por não ler documentos oficiais e por confiar apenas em seus canais de TV possa ter seu julgamento influenciado por essas visualizações. A força das imagens transmitidas pela telinha pode superar décadas de apreensão com os assuntos complexos da diplomacia internacional.
Um Hábito Consolidado ao Longo dos Mandatos
O hábito de Trump por programas televisivos não é um comportamento casual. Desde sua entrada na política, o presidente acumula um impressionante histórico de sessões informativas com serviços de inteligência. No entanto, apesar desses encontros, seu principal filtro de informações continua sendo o ecrã. “Trump tem a reputação de não ler nada, nem mesmo os relatórios preparados por seus assessores, e de sempre achar que sabe mais do que qualquer um,” explicou Dan Kennedy, professor de jornalismo.
Não é apenas sobre notícias sérias que ele assiste. Durante sua campanha eleitoral, embora tenha se concentrado em podcasters, Trump continuou a ser um entusiástico espectador de TV tradicional. Ele comenta em tempo real, na sua plataforma Truth Social, tudo o que assiste no pequeno ecrã. Um exemplo recente foi quando declarou: “Assisti à CNN outra noite. Eles não têm audiência e provavelmente sou a única pessoa que assiste a esse canal.”
Da Operação em Síria até a Armadilha contra África do Sul
O senador republicano, conhecido por sua habilidade de usar imagens para construir poder político, já demonstrou isso em múltiplas ocasiões. Lembro-me da operação militar na Síria, que resultou na morte de Abu Bakr al-Baghdadi. Trump descreveu o evento como “algo incrível de assistir, como um filme.”
Além disso, durante um conflito diplomático com a Ucrânia, previu que o incidente viria a ser um “grande momento televisivo.” Esta previsão foi cumprida quando filmou uma reunião onde o presidente ucraniano, Volodymyr Zelensky, discursou sobre o fornecimento de armas.
Em maio de 2025, Trump montou uma verdadeira armadilha diplomática, obrigando o presidente sul-africano, Cyril Ramaphosa, a assistir uma montagem de vídeo cheia de erros. Esta ação levou à imposição de tarifas de 30% sobre importações sul-africanas, a taxa mais alta já aplicada a um país da África Subsaariana. Este episódio reforça a ideia de que as imagens produzidas por Trump têm um impacto real nas relações internacionais.
Conclusão: Um Líder Definido pela Telinha
A relação de Donald Trump com a televisão é multifacetada. Por um lado, ele é um ávido consumidor de conteúdo visual, frequentemente ignorando outros meios de informação. Por outro lado, ele é um mestre em transformar essas visualizações em ferramentas de poder diplomático. Das imagens de crianças famintas em Gaza até as filmagens mal montadas contra a África do Sul, a tela de TV continua sendo um dos principais agentes moldadores das decisões do presidente norte-americano. Esta dinâmica demonstra como, no mundo contemporâneo, a imagem pode realmente ser mais que um sinônimo de uma ideia ou conceito.
