Dólar domina as exportações brasileiras, mesmo com discurso de independência
Apesar dos esforços do Presidente Lula para promover alternativas ao dólar no comércio internacional, o Brasil ainda utiliza a moeda norte-americana em cerca de 95% de suas exportações. Portanto, há uma clara discrepância entre o discurso político e a realidade econômica do país. Enquanto líderes sul-americanos defendem a desdolarização, o sistema financeiro e comercial brasileiro permanece profundamente integrado ao dólar.
A contradição entre política externa e prática comercial
Lula tem defendido, em fóruns internacionais, a necessidade de que o Sul Global reduza sua dependência do dólar para fortalecer a soberania econômica. Além disso, o presidente propôs o aumento do uso de moedas locais em transações com países como China, Índia e outros membros do BRICS. No entanto, essas iniciativas ainda não se traduziram em mudanças significativas na estrutura de pagamento das exportações brasileiras.
Por que o Brasil ainda depende do dólar?
Vários fatores explicam a persistência do dólar como moeda dominante nas operações externas:
- Liquidez: O dólar oferece alta liquidez e baixo risco em transações internacionais.
- Infraestrutura financeira: Sistemas bancários globais estão otimizados para operar com a moeda norte-americana.
- Confiança do mercado: Comerciantes e importadores preferem o dólar por sua estabilidade relativa.
- Contratos históricos: A maioria dos contratos de exportação já está atrelada ao dólar.
Consequentemente, mudar essa realidade exigiria um esforço coordenado entre bancos centrais, governos e setor privado. Além disso, seria necessário desenvolver mecanismos de compensação cambial e fortalecer acordos bilaterais de comércio em moedas locais.
Futuro do comércio internacional sem dólar?
Embora a transição para um sistema menos dependente do dólar pareça desejável do ponto de vista estratégico, ela ainda está longe de ser viável em larga escala. Em conclusão, enquanto o Brasil avança em discussões diplomáticas por uma nova ordem econômica, sua prática comercial continua ancorada na moeda norte-americana. Portanto, o caminho para a desdolarização será longo e exigirá mais do que discursos — será necessário implementar políticas concretas e estruturais.