O presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, anunciou nesta terça-feira (2) que as Forças Armadas norte-americanas atiraram contra uma embarcação da Venezuela suspeita de transportar drogas. O secretário de Estado, Marco Rubio, qualificou o episódio como um “ataque letal” no sul do Caribe.
A operação e as declarações oficiais
De acordo com Trump, o navio foi abatido na terça-feira por militares americanos. Além disso, o presidente destacou que substâncias ilícitas estariam entrando nos EUA em grande volume, originárias da Venezuela. “Muitas coisas estão saindo da Venezuela”, declarou.
Marco Rubio reforçou a narrativa em seu perfil no X (antigo Twitter), afirmando que as Forças Armadas dos EUA realizaram um ataque letal contra uma embarcação que havia partido da Venezuela e era operada por uma organização classificada como narcoterrorista. No entanto, o secretário não detalhou qual grupo seria esse.
Contexto e motivações por trás da ação
Esse episódio ocorre em meio a uma crescente escalada de tensões entre os Estados Unidos e o governo venezuelano de Nicolás Maduro. Os EUA enviaram ao sul do Caribe uma frota composta por navios de guerra, um submarino nuclear, aviões de vigilância P-8 e aproximadamente 4.500 militares.
Além disso, a Casa Branca justifica a presença militar com o combate ao tráfico de drogas. No entanto, especialistas questionam essa motivação. Carlos Gustavo Poggio, professor do Berea College, afirma que o tipo de equipamento utilizado é incompatível com operações anti-tráfico. “Se você olhar o tipo de equipamento que foi enviado pra Venezuela, não é um equipamento de prevenção ou de ação contra o tráfico”, explica.
Perspectivas e críticas
Maurício Santoro, doutor em Ciência Política, acredita que os EUA podem estar se preparando para uma intervenção militar. “É uma situação muito semelhante àquela do Irã. O volume de recursos militares transferidos para o Caribe indica que os Estados Unidos estão falando sério”, avalia.
Por outro lado, o governo venezuelano reage com firmeza. Em resposta, Maduro declarou que qualquer ataque dos EUA será respondido com uma luta armada. Ele chamou a presença militar americana de “a maior ameaça à América Latina do último século”.
Implicações e o futuro da crise
Os EUA acusam Maduro de liderar o suposto Cartel de los Soles, classificado como organização terrorista. Além disso, o governo americano oferece uma recompensa de US$ 50 milhões por informações que levem à captura do presidente venezuelano.
A porta-voz da Casa Branca, Karoline Leavitt, evitou comentar os objetivos militares, mas afirmou que o governo Trump usará “toda a força” contra Maduro. Segundo o site Axios, o presidente teria solicitado um “menu de opções” para atuar na Venezuela, o que indica que novas ações podem estar sendo planejadas.
Enquanto isso, Caracas intensifica a mobilização militar e de milícias para se proteger de uma possível invasão. A situação permanece crítica e tensa, com risco de escalada em um dos pontos mais instáveis da América Latina.