Flexibilização Trabalhista Grega Gera Protestos e Greve Geral
O governo grego avança com um ambicioso projeto de flexibilização trabalhista que está gerando forte oposição. Consequentemente, sindicatos e trabalhadores realizaram uma greve geral massiva, paralisando setores cruciais como os transportes, em protesto contra medidas consideradas extremas.
O Que Propõe a Nova Lei?
O núcleo da controvérsia é uma proposta que permite, sob certas condições, uma jornada de trabalho de 13 horas. Além disso, o projeto de lei da ministra do Trabalho, Niki Kerameos, introduz outras mudanças significativas. Portanto, o pacote inclui:
- Jornada diária estendida para até 13 horas em até 37 dias por ano.
- Controle da disponibilidade dos funcionários por meio de aplicativos.
- Distribuição “flexível” dos dias de férias.
- Atribuição de horas extras de curto prazo.
A justificativa do governo é que esta flexibilização trabalhista adapta a legislação à realidade moderna e atende a “necessidades urgentes” das empresas. No entanto, críticos argumentam que a medida simplesmente legaliza práticas já abusivas.
O Outro Lado da Moeda: A Visão Crítica
Especialistas alertam que o discurso oficial esconde graves riscos. Theodoro Koutroukis, professor de relações trabalhistas, afirma que a suposta voluntariedade da jornada extensa é uma ilusão. “Um funcionário não pode se recusar sem temer consequências, pois tem pouco poder de barganha”, explica.
Ademais, ele prevê que a extensão da jornada terá um efeito negativo na produtividade. A fadiga extrema levará à queda na qualidade dos serviços e à deterioração do equilíbrio entre vida pessoal e profissional. Em resumo, a medida pode ser contraproducente até mesmo para as empresas.
O Contexto Grego: Já se Trabalha Demais
Este debate sobre flexibilização trabalhista ocorre em um país onde já se trabalha mais do que em qualquer outro da União Europeia. Dados do Eurostat mostram que os gregos médios trabalham mais de 1.886 horas por ano. Apesar disso, a produtividade é baixa e o poder de compra está 30% abaixo da média europeia.
Portanto, a pergunta que fica no ar é: por que tantos gregos precisam de dois empregos ou horas extras para sobreviver? A nova lei, em vez de abordar essa questão central, parece normalizar a cultura do excesso de trabalho.
A Reação dos Sindicatos: Um Basta Coletivo
Diante disso, a confederação sindical GSEE, que representa 2,5 milhões de trabalhadores, rejeita veementemente a proposta. O lema dos protestos em Atenas é claro: “Exaustão não é melhoria, a resiliência humana tem limites”.
Os sindicatos defendem o caminho oposto: a redução da jornada semanal para 37,5 horas, alinhando a Grécia com uma tendência progressista europeia que busca mais qualidade de vida. Em conclusão, a flexibilização trabalhista proposta coloca a Grécia em rota de colisão com o futuro do trabalho.
