Crise pela Ilha de Santa Rosa
No dia 5 de agosto, a tensão entre a Colômbia e o Peru intensificou-se após a acusação do governo colombiano de que o Peru se apropriou ilegalmente da Ilha de Santa Rosa, localizada na região da fronteira tríplice entre Brasil, Peru e Colômbia. Este território estratégico no Rio Amazonas tornou-se o epicentro de um conflito diplomático que ameaça a estabilidade da região.
O governo colombiano, por meio de seu presidente, Gustavo Petro, declarou publicamente que o Peru violou um tratado existente ao criar um distrito administrativo na ilha, alegando que a área pertence à Colômbia de acordo com os termos acordados anteriormente. Petro destacou a ocupação do terreno por parte peruana, incluindo a instalação de uma capital municipal, como uma grave infração à soberania colombiana.
Um breve histórico
A atual crise teve início no ano passado, durante uma reunião bilateral, quando autoridades colombianas levantaram objeções ao controle peruano sobre Santa Rosa. Na ocasião, a questão foi resolvida pacificamente por meios diplomáticos. No entanto, a situação eclodiu novamente no início de julho deste ano, quando o Peru publicou uma lei criando o distrito de Santa Rosa de Loreto, integrando oficialmente a ilha ao seu território.
Esta medida, segundo o governo peruano, foi baseada em decisões tomadas pela Comissão Mista Demarcadora em 1929, que oficialmente atribuiu a Ilha de Chinería ao Peru. Embora a região tenha sido fundada na década de 1970 e atualmente administrada pelo Peru, a ação do governo peruano agora é vista pela Colômbia como um desafio direto à integridade territorial.
O contexto diplomático
A disputa pela ilha de Santa Rosa ocorre num momento de agravamento das relações bilaterais entre os dois países. Desde 2022, quando o então presidente peruano Pedro Castillo foi deposto por meio de um processo que a Colômbia classificou como golpe de Estado, as relações entre os países passaram por um sério enfraquecimento. Em reposta à destituição de Castillo, Petro suspendeu as relações diplomáticas formais, mantendo apenas contato por meio de encarregados de negócios.
Além disso, o governo colombiano argumenta que a decisão peruana de criar o distrito não respeita o princípio da fronteira tríplice e ignora o tratado assinado entre as nações. Segundo a chancelaria brasileira, que permaneceu ao lado da Colômbia, a ilha surgiu naturalmente após a assinatura do acordo e deve ser considerada um território neutro ou compartilhado.
As consequências humanas
Diante das acusações, o jornal peruano La República destacou a situação crítica de abandono que a ilha enfrenta. Municípios locais reportaram falta de infraestrutura essencial, incluindo água potável e energia elétrica, colocando cerca de três mil habitantes em situação de extrema vulnerabilidade. Apesar do potencial turístico da região, a comunidade carece de serviços básicos e assistência humanitária adequada.
No entanto, o governo peruano enfatizou que a região opera com uma administração plena e serviços públicos funcionando desde os anos 70, rejeitando completamente a alegação de abandono.
Diante dos próximos passos
A reação inicial do Peru foi veemente. O Ministério de Relações Exteriores peruano emitido um comunicado formal, protestando fortemente contra as declarações colombianas sobre os direitos soberanos. O governo peruano reafirmou seu controle legal sobre o território, desafiando a Colômbia a reconsiderar sua posição.
O caminho para uma resolução ainda está incerto. O governo colombiano já avisou que recorrerá primeiro aos canais diplomáticos para defender sua soberania, enquanto o Peru mantém sua postura de território incontroverso. O Brasil, como membro da fronteira tríplice, pode desempenhar um papel crucial como mediador nesse conflito complexo.
- Motivação peruana: Criar estrutura administrativa para região isolada
- Reação colombiana: Afirmar soberania por meio de protestos diplomáticos
- Contexto histórico: Decisões de 1929 e fundação nos anos 70