Introdução ao Caso de Fuga de Alcatraz
No dia 12 de junho de 1962, três detentos fugiram da prisão mais temida dos Estados Unidos, Alcatraz. Esta fuga, que se tornou lendária, foi planejada e executada com engenhosidade incomum, utilizando recursos limitados como papel higiênico e capas de chuva para construir cabeças falsas. A fuga de Alcatraz permanece um dos maiores mistérios penitenciários da história, com teorias que sugerem possíveis sobreviventes, incluindo até mesmo a possibilidade de os fugitivos terem se estabelecido no Brasil.
Esta reportagem analisa em detalhes todo o processo da fuga de Alcatraz, desde a concepção até as pistas atuais sobre o paradeiro dos três homens.
O Trio Infiltrado em Alcatraz
A fuga de Alcatraz foi protagonizada por Frank Morris, John Anglin e Clarence Anglin. Estes três homens, considerados perigosos pela justiça americana, foram transferidos para a ilha de Alcatraz por suas respectivas antecedentes criminosos.
Frank Morris, condenado por diversos crimes, incluindo assaltos a bancos, chegou à prisão em 1960. Os irmãos Anglin, especializados em roubos a instituições bancárias, foram transferidos em 1961. O quarto integrante do esquema, Allen West, também estava detido na unidade.
Apesar das circunstâncias difíceis, foi Morris quem liderou a operação. O grupo já se conhecia de antemão, tendo cumprido pena em outras instituições penais antes de chegam a Alcatraz.
O Planejamento e a Oficina Secreta
Ao perceberem que uma simples fenda na parede não seria suficiente para escapar da fortaleza inexpugnável de Alcatraz, os detentos começaram a planejar uma fuga mais elaborada meses antes. O plano exigia duas etapas fundamentais: enganar os guardas e construir uma embarcação capaz de cruzar a Baía de São Francisco.
O início do plano começou em dezembro de 1961, quando um dos prisioneiros encontrou lâminas de serra usadas. Com este material, o grupo precisava criar ferramentas sem despistar a vigilância.
Para manter a discrepância, os detentos agiram durante o horário oficial de música. Frank Morris mesmo tocava acordeão para mascarar os sons das ferramentas sendo construídas.
A Oficina Secreta: Um Feito Arquitetônico em Concreto
A escolha do local para a oficina foi crucial. O grupo decidiu construir sua estrutura secreta no teto do bloco de celas, aproveitando um vão estrutural existente. A abertura da parede foi realizada com uma furadeira improvisada, utilizando o motor de um aspirador de pó e as ferramentas de serra obtidas anteriormente.
Materiais para a fuga: Mais de 50 capas de chuva foram roubadas do refeitório para a construção dos coletes salva-vidas e do bote inflável. Os remos foram feitos de madeira, enquanto as costuras dos coletes foram seladas com vapor de canos da prisão.
Para completar a farsa, os prisioneiros também precisavam enganar os guardas. Fizeram cabeças falsas usando papel higiênico, sabão e cimento, complementando com cabelo humano recolhido da barbearia da prisão para dar realismo às peças.
O Momento Decisivo: A Execução da Fuga
Noite de 11 de junho de 1962 foi a hora da operação. O grupo escalou cerca de nove metros usando a rede de canos que existia na prisão, um método arriscado mas eficaz.
O plano em execução: Allen West foi deixado para trás devido a problemas em deixar sua cela, enquanto os outros três — Morris, John e Clarence Anglin — desceram pela chaminé da padaria e pularam cercas até a costa nordeste da ilha.
O trio colocou o bote inflável na água usando uma concertina modificada para fornecer ar. O bote, construído com as capas de chuva, foi o meio de transporte para a travessia da baía, um dos maiores obstáculos do plano.
A Vistoria e o Sumiço
A fuga foi descoberta na manhã seguinte, durante uma rotina de vistoria nas celas. Os guardas encontraram as cabeças falsas com cobertores cobrindo roupas e toalhas que simulavam corpos.
Os agentes do FBI foram acionados imediatamente. Allen West, que havia sido abandonado, revelou todos os detalhes do plano em troca de isenção de pena. Sua confissão ajudou a reunir evidências importantes, como a localização provável da travessia e os detalhes do bote.
As Pistas Atuais: Sobreviventes ou Corpos no Oceano?
Após 17 anos, o FBI encerrou a investigação, concluindo que a fuga de Alcatraz provavelmente terminou com os três detentos afogados. Mesmo assim, o mistério persiste.
Teoria do Brasil: Um documentário de 2015 sugeriu que os irmãos Anglin teriam se estabelecido no Brasil após a fuga, apontando cartões de Natal e fotos de propriedade rural.
Carta de John Anglin: Em 2018, o FBI recebeu uma suposta carta do fugitivo alegando que ele tinha 83 anos e estava doente, mas os exames forense não confirmaram sua autenticidade.
O Legado de Alcatraz Hoje
Após o fechamento da prisão em 1963, Alcatraz recebeu turistas. Anualmente, mais de um milhão de visitantes exploram os antigos blocos do presídio.
O local foi adaptado para museu, preservando os detalhes de sua história sombria. Filmes como “Alcatraz: Fuga Impossível” (1979) e “A Rocha” (1996) perpetuam o legado desta fortaleza penitenciária.
Recentemente, o governo considerou reabrir o local, mas os altos custos operacionais e a viabilidade financeira ainda são questões a serem resolvidas.